Milho: por que a cotação tem caído?

16 de julho de 2021 4 mins. de leitura
Cotação do milho caiu 13% em um mês, segundo indicador Esalq/BM&Bovespa, calculado a partir da saca de 60 quilos na região de Campinas

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A cotação do milho no mercado brasileiro apresentou uma sequência de quedas no início de junho. O indicador Esalq/BM&Bovespa mostra uma queda de 13%. O preço da saca de 60 quilos do grão na região de Campinas, que estava cotado a R$ 103,23 em 18 de maio, chegou a R$ 89,87 no último dia 18 de junho, o menor patamar dos últimos 45 dias.

No mercado internacional, o recuo na cotação do cereal também foi notado. Na Bolsa de Valores de Chicago, o contrato com preço futuro para setembro despencou quase 7% apenas no dia 17 de junho. Dessa forma, os preços também baixaram nas exportações dos portos brasileiros e nos valores pagos diretamente ao produtor.

No balanço de uma semana, entre 10 e 17 de junho, o milho no Porto de Paranaguá na base de compra caiu de R$ 85 para R$ 83 a saca, um recuo de 2,35%. No Porto de Santos, no mesmo período, a queda foi maior, de 12,8%, saindo de R$ 86 para R$ 75 a saca.

Motivos para a queda na cotação do milho

Início da colheita do milho safrinha em importantes estados produtores ajudou a derrubar a cotação do produto. (Fonte: Shutterstock/Claudia Harms-Warlies/Reprodução)
Início da colheita do milho safrinha em importantes estados produtores ajudou a derrubar a cotação do produto. (Fonte: Shutterstock/Claudia Harms-Warlies/Reprodução)

Fatores domésticos e internacionais influenciaram a cotação do milho nos últimos dias. No Brasil, a pré-colheita da safrinha traz a expectativa de um aumento da oferta em breve. Isso ajuda a derrubar os preços, pois afasta os compradores das negociações — já que eles esperam que um maior volume do grão no mercado leve a novos recuos do preço. Por outro lado, os vendedores tiveram receio em ofertar grandes volumes, devido aos estoques baixos e às incertezas quanto à produtividade das lavouras.

Nos Estados Unidos, divergências sobre as condições climáticas entre as principais agências meteorológicas geraram incertezas sobre o volume da colheita da safra atual, o que provocou um forte recuo nas cotações do futuro na bolsa de Chicago. 

O cereal também foi afetado pelo anúncio do Banco Central dos Estados Unidos (Federal Reserve) de que as taxas de juros americanas podem subir em um ritmo mais rápido do que o esperado. A notícia pegou o mercado de surpresa, teve um efeito negativo imediato sobre o preço do dólar e levou a uma queda geral das commodities nas cotações em real.

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Expectativas para a safra

Condições climáticas adversas derrubaram produtividade da segunda safra do cereal. (Fonte: Shutterstock/Vlad Ispas/Reprodução)
Condições climáticas adversas derrubaram produtividade da segunda safra do cereal. (Fonte: Shutterstock/Vlad Ispas/Reprodução)

A cotação do milho deve cair ainda mais nas próximas semanas, devido ao aumento da colheita da safrinha, que foi já iniciada em alguns estados produtores importantes, como Paraná e Mato Grosso. O recuo nos preços está trazendo alívio para a avicultura e suinocultura, que estavam com as margens pressionadas pela valorização do grão.

No entanto, a baixa de preços deve durar somente até o final da colheita da safrinha. Fatores como a menor expectativa de produção brasileira, os baixos estoques internacionais do grão e as dificuldades de produção na Argentina devem contribuir para as cotações voltarem a subir durante o terceiro ciclo do grão.

No Brasil, a produção nas três safras do cereal está estimada em 96,4 milhões de toneladas, um recuo de 6% frente à temporada anterior, segundo última estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O volume deverá ser insuficiente para atender o consumo interno previsto em 72 milhões de toneladas e a demanda por exportações, prevista para 35 milhões de toneladas.

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Fonte: Radar Investimentos, Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Agência Safras, Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). 

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