Guerra na Ucrânia provoca a pior crise alimentar desde 2008 - Summit Agro

Guerra na Ucrânia provoca a pior crise alimentar desde 2008

31 de outubro de 2022 4 mins. de leitura

Cerca de 345 milhões de pessoas estão passando fome devido à crise alimentar desencadeada pela guerra contra a Ucrânia

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O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirma que a guerra contra a Ucrânia provocou a pior crise alimentar desde o colapso financeiro global entre 2007 e 2008, que resultou em um recorde de 1 bilhão de pessoas com escassez de alimentos. Um relatório divulgado pelo órgão indica que cerca de 345 milhões de pessoas no mundo passaram a viver com fome após o conflito de 2022.

A escassez de alimentos está concentrada em 48 países que estão mais expostos, especialmente na África, mas também na América Central, no Caribe, no Oriente Médio e na Ásia Meridional. Nessas nações, a elevação de preços de fertilizantes e de produtos alimentícios provocados pelo conflito deve gerar um aumento de US$ 9 bilhões em 2022 e 2023.

Segundo o relatório do FMI, “a exposição ao choque alimentar soma-se a outros desafios, como condições macroeconômicas fracas, má governança, capacidade institucional e instabilidade sociopolítica”. Além de um desafio humanitário, a situação tem forte repercussão na economia global, avalia o órgão.

Crise alimentar crescente

Crianças e mulheres são os mais atingidos pela fome, segundo a ONU. (Fonte: Amber Clay/Pixabay/Reprodução)
Crianças e mulheres estão entre os mais atingidos pela fome, segundo a ONU. (Fonte: Amber Clay/Pixabay/Reprodução)

Apesar de a guerra contra a Ucrânia ter tornado a crise alimentar mais aguda, a situação vem se desenvolvendo há cerca de meia década, com choques climáticos e conflitos.

A invasão da Rússia no Leste Europeu ainda aconteceu em um contexto de economia mais fraco devido à pandemia de covid-19, que já havia dificultado o acesso aos alimentos.

A guerra, no entanto, desenvolveu repercussões globais imediatas, visto que a Ucrânia e a Rússia são grandes exportadores de produtos e insumos agrícolas, por exemplo fertilizantes e energia. Ambos fornecem 30% do trigo comercializado globalmente, 20% do milho e 75% do girassol. Apenas em 2022, a produção ucraniana deve cair entre 25% e 40%.

A oferta de alimentos no mercado global deve reduzir também, porque mais de 30 países exportadores de alimentos recorreram a restrições à exportação de produtos alimentícios.

As proibições de exportações e elevação de tarifas atingiu 17% do comércio global do setor em termos de base calórica, segundo o Instituto Internacional de Pesquisa de Políticas Alimentares.

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Garantia da segurança alimentar global

(Fonte: Claudio Correia/Pixabay/Reprodução)
Além de aumentar a produção, são necessárias outras medidas internacionais de forma coordenada para diminuir a fome. (Fonte: Claudio Correia/Pixabay/Reprodução)

Em 2021, cerca de 828 milhões de pessoas foram afetadas pela fome, o que representa cerca de 9,8% do total da população, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Quando somadas a outras situações de insegurança alimentar, 2,3 bilhões de pessoas são atingidas, o que corresponde a 29,3% da população do mundo.

Para garantir a segurança alimentar global, o FMI aponta que medidas relacionadas à ajuda humanitária internacional são urgentes, além de ações que devem ser coordenadas globalmente. A longo prazo, é preciso investir na agricultura resiliente para superar as crescentes mudanças climáticas.

O órgão defende ainda que o livre comércio seja mantido, inclusive no nível intrarregional, com a eliminação das proibições de exportação e o aumento da produção de alimentos, apresentando uma melhoria na distribuição de fertilizantes e outros insumos.

Fonte: Organização das Nações Unidas (ONU), Fundo Monetário Internacional (FMI)

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