Em menos de 50 anos, o Brasil deixou de ser importador de alimentos para se tornar um dos principais exportadores de commodities agrícolas
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A vocação do Brasil para a produção agropecuária é “desenhada” desde a chegada dos portugueses ao “novo território” e o cultivo de cana-de-açúcar. Mas, ainda que tenha vivido ciclos importantes de culturas como café, algodão e borracha, as principais transformações no agronegócio brasileiro aconteceram no último meio século.
Em 1977, o País produziu cerca de 46 milhões de toneladas de grãos, segundo informações da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). As projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam que a safra 21/22 produzirá um volume de 269 milhões de toneladas.
No período, o Brasil deixou de ser um importador de alimentos para se destacar como um dos maiores produtores e exportadores de diversas commodities agrícolas. Tudo isso garantido pelo aumento de produtividade, uma vez que a área plantada dobrou, saindo de 37 milhões de hectares para 73 milhões de hectares.
Esse salto produtivo foi garantido pelas inovações tecnológicas, que começaram a ser introduzidas de forma mais substancial na década de 1970, quando os novos métodos de plantio conseguiram tornar comum a produção de duas safras dentro do mesmo ano, um fenômeno que era raríssimo em todo o mundo.
Na década de 1990, os transgênicos proporcionaram a possibilidade de utilizar sementes com maior durabilidade e resistência em ambientes mais complexos, com falta ou excesso de água.
Dessa maneira, pouco tempo depois, no início dos anos 2000, a agricultura de precisão permitiu que o uso mais racional dos insumos, gerando economia e eficiência, fosse possível.
Segundo a Embrapa, uma das principais instituições que promovem assistência técnica aos produtores no Brasil, a inovação tecnológica contribuiu com 59% do crescimento do Valor Bruto da Produção (VBP) agrícola entre 1975 e 2015, seguidos pelo trabalho (25%) e pela terra (16%).
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Agronegócio brasileiro dá exemplo de sustentabilidade
A região do Cerrado, principal área para agronegócio no País, tem uma terra de alta acidez, considerada inadequada para o cultivo agrícola. No entanto, o uso massivo de correção e adubação do solo permitiu tornar o centro do Brasil em um ambiente favorável à agricultura.
Entretanto, isso gera uma preocupação: cerca de metade do bioma foi perdida nas últimas quatro décadas, de acordo com estudos da Universidade Federal de Goiás (UFG), principalmente para abertura de pastagens para gado.
O cerrado ocupa 24% do território nacional e é considerado o “berço das águas”, pois abastece as três maiores bacias hidrográficas da América do Sul, além de alimentar três dos maiores aquíferos do mundo. No entanto, não é beneficiado com políticas de monitoramento e preservação, como ocorre na Amazônia.
A demanda interna não conseguiria consumir toda a produção brasileira de commodities agrícolas e, dessa forma, as exportações se tornaram essencial para o agronegócio. Os embarques saíram de US$ 23 bilhões, em 2001, para US$ 120,6 bilhões, em 2021, de acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O setor agropecuário responde por 40% da pauta de exportações brasileiras, e cerca de um terço dos embarques dos produtos agrícolas tem como destino a China. Nos últimos 20 anos, o crescimento chinês moldou as atividades agropecuárias brasileiras, com destaque para o apetite de proteínas vegetais e animais, como soja, carnes de boi, frango e suínos.
Fonte: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)