Chuvas provocam prejuízos em lavouras de café no Sudeste

26 de março de 2020 4 mins. de leitura
15 mil sacas de café arábica foram perdidas na Zona da Mata Mineira

As chuvas são favoráveis aos cafezais no início do ano enquanto os grãos estão na fase de enchimento. Nesse momento, são definidos o tamanho, o peso e a qualidade do café que será colhido em maio. No entanto, o excesso de chuva pode provocar perdas e propagar fungos na produção.

Com as precipitações acima da média nos primeiros três meses de 2020, os cafeicultores da Zona da Mata Mineira e do sul do Espírito Santo vêm registrando perdas pontuais nas lavouras além de prejuízos materiais. Deslizamento de terra, bloqueio de estradas e inundações são os eventos que causaram mais danos.

Prejuízos na Zona da Mata Mineira

(Fonte: Shutterstock)

Na Zona da Mata Mineira, cerca de 500 hectares de lavoura de café arábica, o equivalente a 15 mil sacas, foram perdidos totalmente em decorrência do deslizamento de terras. Na região, a água prejudicou o tráfego nas estradas, interrompendo o transporte e inundando armazéns de café. A localidade tem uma topografia acidentada e foi a única prejudicada entre as quatro regiões de Minas Gerais.

Apesar das perdas, as plantas apresentaram boa granação, e os grãos, bom enchimento, sem relatos de pragas e de doenças em decorrência da umidade do solo. Porém, ainda existem riscos por causa de futuras chuvas, como erosão do solo, atraso nos tratos culturais da lavoura, bloqueio de estradas e danos a máquinas. O excesso de chuvas também pode provocar perdas de nutrientes e queda na qualidade do grão. Entretanto, não é possível afirmar que as precipitações vão afetar a qualidade da safra a ser colhida em maio.

Perdas no sul do Espírito Santo

O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) do Espírito Santo calcula que o agronegócio no estado perdeu R$ 88,4 milhões em decorrência do grande volume de chuvas no início do ano. O prejuízo pode ser ainda maior, pois comunidades ficaram isoladas em virtude do estado de estradas e pontes.

Os principais municípios atingidos pelas chuvas são produtores de café e devem ter perdas significativas na colheita. Em Iúna, sul do estado, as chuvas causaram o desabamento de um galpão de café e deslizamentos de terra nos plantios. Uma corretora da cidade perdeu cerca de 20% das mais de 40 mil sacas, isso aconteceu em decorrência da inundação de seu armazém. No entanto, a produção do estado não deve ser muito afetada, pois as maiores plantações estão localizadas ao norte no Espírito Santo, onde o volume de chuvas atingiu menos.

Chuvas acumuladas

Segundo relatório do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), choveu entre 300 e 400 mm ao longo de fevereiro nas regiões da Zona da Mata Mineira e do Sul do Espírito Santo. Nos últimos 90 dias, as precipitações acumuladas chegaram até 900 mm em algumas localidades de ambas as regiões. Em Minas Gerais, 196 cidades chegaram a decretar estado de emergência no mês citado. No Espírito Santo, foram 22 municípios. O aquecimento global e a ausência de variações de temperatura no Oceano Atlântico podem explicar as chuvas acima do normal nesse período.

Plantios de café em outras áreas do Sudeste

As plantações de café em outras áreas do Sudeste não foram prejudicadas pelas chuvas nos últimos meses. O Sul, o Cerrado, a Chapada de Minas, o Norte do Espírito Santo, as regiões de Mogiana e do Centro-Oeste Paulista ainda que tenham apresentado elevados índices de chuvas, não registraram prejuízos nas lavouras.

(Fonte: Shutterstock)

No Centro-Oeste paulista, as chuvas no início de 2020 trouxeram um alívio para os cafeicultores, que estavam assombrados por um longo período de seca que provocou grandes perdas na safra 2018-2019.

A Fundação Procafé avalia que as chuvas constantes melhoraram o pegamento das mudas plantadas e o desenvolvimento inicial das plantas; no entanto, não são tão benéficas às lavouras adultas. Entretanto, as plantações observadas em sua área de atuação (Sul, Triângulo Mineiro e Mogiana Paulista) estão em ótimas condições. No Sul de Minas, inclusive, as chuvas colaboraram para o bom desenvolvimento das lavouras favorecendo a florada.

Fonte: Fetaes, Inmet.

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