China incentiva jovens recém-formados a trabalhar no campo

5 de agosto de 2022 4 mins. de leitura
Gigante asiático tem enfrentado um aumento do desemprego nas cidades e quer incentivar os jovens a procurar ocupação no campo

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Os Ministérios da Educação, das Finanças, da Seguridade Social, dos Assuntos Civis e Recursos Humanos da China lançaram uma declaração conjunta oferecendo incentivos para universitários recém-formados que aceitem ocupações profissionais em aldeias.

O governo oferece incentivos fiscais e empréstimos para quem abrir negócios no campo, além de estender os benefícios às empresas do interior que contratem jovens formados em diversas áreas, desde limpeza até cuidado de idosos.

Não é a primeira vez que o governo chinês faz campanhas para que os jovens migrem para o campo. Na década de 1960, houve um movimento similar, os graduados, porém, preferiram as cidades onde se concentram as empresas que pagam mais, principalmente no setor de tecnologia. Há uma grande diferença na concentração de renda entre o campo e as grandes cidades na China.

Lockdowns e restrições intensas desde o início da pandemia contribuiram para a diminuição do crescimetno chinês. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)
Os lockdowns e as restrições intensas desde o início da pandemia contribuíram para a diminuição do crescimento chinês. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Desemprego nas grandes cidades chinesas

Conseguir uma colocação está cada vez mais difícil na China. Desde o início da pandemia de covid-19, o país sofreu uma forte desaceleração do crescimento, o que fez a mão de obra recém-formada deixar de ser absorvida.

Pela primeira vez, o índice de desemprego na faixa etária entre 16 anos e 24 anos ultrapassou 18%. Com a maior população do mundo, cerca de 1,4 bilhão de habitantes, uma média de 10 milhões de pessoas se formam nas universidades a cada ano.

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Empregos e a realidade do trabalhador do campo no Brasil

O Brasil tem uma população estimada de cerca de 214 milhões e 800 mil pessoas; destas, 97,5 milhões são empregadas, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, que é divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Ainda de acordo com os dados, a taxa de desemprego no trimestre de março a maio de 2022 ficou em 9,8%, a menor desde 2015. Vale lembrar que, diferentemente do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a PNAD considera empregos informais para o cálculo do índice.

Apesar das tendências de modernização, a maioria dos trabalhadores rurais brasileiros tem pouco acesso a educação. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)
Apesar das tendências de modernização, a maioria dos trabalhadores rurais brasileiros tem pouco acesso à educação. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Apesar da queda do desemprego, a renda diminuiu. Considerando os dados do Caged, o salário médio dos trabalhadores contratados até abril de 2022 é 9,34% menor do que o valor verificado em janeiro de 2020, antes do início da pandemia.

No final de 2021, aproximadamente 8,9 milhões de pessoas trabalhavam no campo. Destes, 62% atuam diretamente na agricultura; 28,4%, na pecuária; 5,3%, na pesca; e 4,2%, em florestas.

A maioria dos trabalhadores (44%) atua por conta própria ou em pequenas propriedades, 22,7% trabalham com carteira assinada, 17,3% trabalham informalmente, 12,5% auxiliam as famílias, são militares ou servidores e 3,1% são empregadores.

Quando se consideram as empresas ligadas à cadeia do agronegócio, incluindo as fornecedoras de insumos para o campo, as de compra de matéria-prima e as de processamento, o número de trabalhadores ligados ao agronegócio chega a aproximadamente 11,5 milhões.

Dos que trabalham especificamente no campo, 58% não têm a formação de Ensino Fundamental, apenas 19,7% chegam a concluir o Ensino Médio e 1,4% conclui o Ensino Superior.

A informalidade é uma grande marca do trabalho do campo, que emprega muitos trabalhadores sazonais. Assim como a média nacional, os ganhos dos trabalhadores rurais também sofreram queda nos últimos anos, o rendimento médio dessa população é de R$ 1.517, segundo os dados do IBGE e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP).

Com o avanço da tecnologia e da conectividade no campo e a promessa da chegada de máquinas cada vez mais modernas, muitos trabalhadores podem perder os postos de empregos, que já são precarizados.

Enquanto isso, é de se esperar que também haja um movimento de aumento da procura de mão de obra especializada para trabalhar no campo. Infelizmente, por ora, não parece haver nenhum plano do governo ou da iniciativa privada de qualificar e preparar os trabalhadores do campo para a nova realidade de trabalho das próximas décadas.

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Fonte: IBGE, Pnad, InfoMoney, O Joio e o Trigo, Acrimat

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