Calor: 400 mil aves morreram no Uruguai em apenas três dias

7 de março de 2022 4 mins. de leitura
Entenda o impacto da temperatura elevada na avicultura uruguaia e como a atividade no Brasil pode se preparar para picos de calor

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O Uruguai registrou a segunda maior temperatura da sua história neste verão, com 44°C. E não foram só os humanos que sofreram: centenas de milhares de aves não suportaram o calor intenso.

Conheça mais sobre esse fenômeno e como ele afeta a avicultura dos vizinhos brasileiros.

Calor afetou a avicultura do Uruguai

Temperaturas de mais de 40 °C causaram a morte de mais de 400 mil aves no Uruguai. (Fonte: Maksim Safaniuk/Shutterstock/Reprodução)
Temperaturas de mais de 40 °C causaram a morte de mais de 400 mil aves no Uruguai. (Fonte: Maksim Safaniuk/Shutterstock/Reprodução)

Se o calor era uma preocupação para a lavoura, se tornou um pesadelo para a avicultura uruguaia. Segundo um levantamento da Associação dos Produtores de Aves (Apas), os produtores do País registraram uma perda de 400 mil animais nos três dias mais quentes de janeiro. Isso representa entre 10% e 20% da atividade no Uruguai.

O problema é inédito e as perdas financeiras também são. Segundo a Apas, o prejuízo é estimado em torno de US$ 1 milhão. Isso não deve chegar a desabastecer as prateleiras do supermercado, mas o impacto financeiro pode aparecer nas gôndolas.

O número de propriedades que somaram as perdas de aves foram 135. O Ministério da Agricultura ainda estuda formas de amparar os avicultores e evitar que o problema inflacione a carne e os ovos.

Apesar de as temperaturas estarem mais brandas no Uruguai, o problema do país vizinho acende um alerta para toda a região. É preciso se preparar para picos de calor, sobretudo porque o El Niño pode oferecer novas temporadas de altas temperaturas.

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Por que as galinhas foram tão afetadas?

Ausência de glândulas sudoríparas dificulta o equilíbrio térmico das aves. (Fonte: Polawat Klinkulabhirun/Shutterstock/Reprodução)
Ausência de glândulas sudoríparas dificulta o equilíbrio térmico das aves. (Fonte: Polawat Klinkulabhirun/Shutterstock/Reprodução)

Além do impacto econômico, a preocupação também passa pelo sofrimento animal das aves. Outros segmentos da pecuária também sofreram com o calor e a estiagem, mas não chegaram perto do impacto da temperatura sobre as galinhas. Mas por que essa diferença?

Em primeiro lugar, os silos em que os avinos são criados não têm estrutura para refrescar a temperatura em situações adversas como as vividas em janeiro. Os verões anteriores não se comparam ao deste ano.

Além disso, há uma característica biológica que dificulta com que as galinhas lidem com o calor: elas não têm glândulas sudoríparas e o calor excessivo dificulta a respiração dos animais.

É por isso que os produtores precisam ficar de olho nesse quesito. Sob temperaturas elevadas, as aves deixam de se alimentar adequadamente. Mesmo em um calor considerado normal para o verão, o estresse pode comprometer o bem-estar e reduzir a produção de ovos.

Quer saber mais? Assista aqui à opinião e explicação dos nossos parceiros especialistas em agronegócio.

Medidas práticas para diminuir o impacto do calor na criação de aves

  1. Sombreamento por árvores ou telas.
  2. Ventiladores internos com aspersores.
  3. Geradores (para evitar interrupção do cuidado térmico em caso de queda na energia).
  4. Manter registros diários da temperatura da granja.
  5. Banhos de poeira. 
  6. Oferta abundante de água limpa e fresca.
  7. Colocação de gelo na caixa d’água para resfriar a água.
  8. Manter a densidade máxima em 7 aves por m².

Seguindo essas dicas, você conseguirá manter os animais seguros e confortáveis, sem risco de diminuir a produtividade por conta do calor.

Fonte: Certified Humane Brasil, Letras Ambientais.

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