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Com 99% das plumas de algodão da safra 2021/2022 já colhidas, o setor começa a realizar os cálculos e se preparar para a próxima safra. O algodão foi mais uma das culturas afetadas pelas intempéries climáticas dos últimos anos, causadas principalmente pelo fenômeno La Niña.
Um dos principais problemas é que 90% das fazendas que produzem algodão utilizam técnicas que dependem da água da chuva, mas esta não veio no período nem no volume esperados.
Com isso, mesmo com uma área de produção 19% maior do que na safra anterior, o resultado foi de uma produtividade 7% menor. Ao total, devem ser colhidas 2,6 milhões de toneladas de plumas de algodão, os dados são da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).
Apesar da diminuição da produtividade, produtores e especialistas da área continuam otimistas com o setor cotonicultor brasileiro. A qualidade do produto nacional tem ganhado destaque mundo afora, e o País será o segundo maior exportador de algodão neste ano.
As expectativas e os desafios para o produto nacional foram debatidos no XIV Encontro Técnico Algodão da Fundação MT. O evento ocorreu entre os dias 29 e 31 de agosto, e foi realizado pela Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT), em Cuiabá (MT).
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Diferenciais do algodão brasileiro
Desde 1999, a produção nacional de algodão se modernizou, e muitos produtores adotaram a mecanização completa do cultivo. Além disso, mais investimentos e pesquisas otimizaram o uso de insumos químicos e o solo por meio da associação do algodão herbáceo com as culturas de soja e milho.
Segundo participantes do evento, a melhora da qualidade do produto brasileiro tem sido notada por grandes produtores internacionais de roupas. Turquia, Indonésia, Tailândia e Bangladesh elogiaram a evolução da indústria nacional, principalmente nos últimos cinco anos.
Segundo a Abrapa, nos últimos anos o Brasil se manteve entre os principais produtores de algodão do mundo, junto à China, a Índia, aos Estados Unidos e ao Paquistão.
Fatores externos podem ajudar o País a se tornar o principal exportador mundial, já que boa parte das terras do líder, Estados Unidos, também está sofrendo com o clima. As secas no Texas e o excesso de precipitação no sudeste americano podem diminuir consideravelmente a produção do país.
Outro grande produtor, a China, sofre com a mudança do paradigma do planejamento estatal e deve reduzir a área de plantio de algodão para garantir a segurança alimentar nos próximos anos.
O cenário somado ao fortalecimento da confiança internacional no algodão brasileiro e ao pesado investimento na área — que deve aumentar o número de máquinas para fiação em operação nos próximos dois anos — garante o otimismo dos produtores.
Demanda interna
Ainda segundo dados da Abrapa, o consumo interno de algodão é bastante constante no Brasil há pelo menos 15 anos e, recentemente, há uma pequena tendência de aumento da procura.
A produção nacional de roupas tem evoluído com matéria-prima de boa qualidade. A expectativa é que a demanda interna seja entre 650 mil toneladas e 700 mil toneladas, patamar similar ao dos principais compradores do Brasil, que são China, Bangladesh e Paquistão.
Outro diferencial do algodão brasileiro é o seu compromisso com a sustentabilidade. Cerca de 84% da produção nacional são certificados pelo protocolo ABR, uma espécie de estratégia ambiental, social e de governança (ESG) rural, que garante a observação da legislação trabalhista e ambiental local, além de boas práticas agrícolas e uso racional de insumos.
Expectativas
Apesar do ano menos produtivo do que o esperado, os resultados financeiros agradam, e a Abrapa estima um aumento da área de produção para a próxima safra: o volume deve bater o recorde alcançado em 2019 e chegar a 1,7 milhão de hectares plantados.
Com expectativa de alta demanda internacional, o lucro de um hectare de algodão pode ser quatro vezes superior a um de soja.
Fonte: Summit Agro, Abrapa, Seg.