Mundo vive uma pandemia sem precedentes de gripe aviária e novos subtipos do vírus causam preocupação
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Desde outubro de 2021, um surto de gripe aviária vem preocupando produtores, pesquisadores e consumidores de todo o mundo. Com novos focos confirmados no Brasil, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) reúne esforços para que a ameaça não atinja granjas comerciais.
Segundo o Ministério da Agricultura, 74 casos de gripe aviária já foram registrados até a primeira semana de agosto. Por enquanto, 72 focos foram em aves silvestres e 2 em aves de subsistência, nenhuma granja comercial foi afetada.
Os Estados com casos confirmados são Espírito Santo (28), Rio de Janeiro (15), São Paulo (10), Paraná (8), Santa Catarina (6), Bahia (4) e Rio Grande do Sul (1). Além destes, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Sergipe, Piauí e Goiás, também decretaram estado de emergência zoossanitária, recomendado pelo Mapa, e tem casos em análise.
A notícia da chegada da gripe aviária ao Brasil vem, justamente, quando as exportações de aves crescem e estão batendo recordes. Nos cinco primeiros meses de 2023, o país exportou 11% a mais do que no mesmo período do ano passado, movimentando cerca de US$ 4,2 bilhões. O mês de julho também foi de recorde, foram exportados o equivalente a US$ 858 milhões, 3,7% a mais do que no mesmo mês de 2022.
Um estudo divulgado pelo FGV Agro, encomendado pelo Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical), estimou que um surto de gripe aviária no país pode causar prejuízos na ordem de R$ 11,8 bilhões. A doença pode afetar toda a cadeia produtiva, influenciando o comércio de rações, setor elétrico, transporte de cargas e mais segmentos. Ao todo, 46 mil empregos diretos e indiretos podem ser afetados.
O atual surto de gripe aviária está sendo monitorado desde outubro de 2021 pela Organização Mundial para Saúde Animal (OIE). O órgão estima que, neste período, 15 milhões de aves domésticas tenham morrido e outras 193 milhões em granjas comerciais tenham sido sacrificadas.
A atual gripe aviária é causada pelo vírus H5N1, conhecido desde 1996. Porém, o vírus sofre mutações e adaptações ao longo do tempo e o novo subtipo tem características que o torna muito mais transmissível entre aves. Além disso, a nova variação causa infecções mais graves nos animais, com sintomas respiratórios e neurológicos. Com isso, a taxa de mortalidade é bem maior do que em períodos anteriores.
A nova variante também preocupa por contaminar outras espécies de maneira mais fácil. Pesquisadores de todo o mundo encontraram sinais de que mamíferos como guaxinins, focas, golfinhos, raposas e outros tenham se infectado com a doença, a partir do contato com as aves. O H5N1 é transmitido, principalmente, pelo contato com gotículas de saliva e fezes de animais contaminados.
Este novo cenário assusta, uma vez que a facilidade de transmissão para mamíferos pode afetar seres humanos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que, entre 2003 e 2022, foram registrados 864 casos de gripe aviária (H5N1) em humanos, destes 456 infectados vieram a óbito.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos divulgou que dez pessoas foram diagnosticadas com a doença e duas morreram apenas entre janeiro de 2022 e março de 2023. Com os dados globais, a taxa de mortalidade da gripe aviária em humanos é de cerca de 52%. Para título de comparação, a taxa de mortalidade da covid-19 era de 1%. Portanto, o risco de um surto de gripe aviária entre seres humanos pode causar uma crise sem precedentes.
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Mesmo que a situação demande atenção, alguns fatos são tranquilizantes. Ainda não há indícios de transmissão entre humanos, os infectados tiveram contato direto com animais de granja. Além disso, vacinas para a doença já estão em fase de produção.
Em humanos, a gripe aviária causa sintomas como dor de garganta, febre alta (acima dos 38°C), dor no corpo, mal-estar, espirros, tosse, secreção nasal e calafrios. Apesar de serem sintomas similares aos da gripe comum, a doença evolui muito mais rapidamente. Enquanto os outros vírus de influenza se replicam, majoritariamente, nas vias aéreas e nos pulmões, o H5N1 atinge outros órgãos vitais como coração, fígado, baço e rins. Assim, se não tratada, a doença pode levar à morte por falência múltipla dos órgãos.
Vale lembrar que, por enquanto, não há registro de gripe aviária detectada em humanos no Brasil e nem cadeia de transmissão direta detectada. Em caso de suspeita de doença e de contato com aves, deve-se procurar cuidado médico imediatamente. O tratamento nas primeiras fases da doença aumenta a chance de cura. O diagnóstico é realizado por exames de sangue e um teste de RT-PCR.
Nas aves, a gripe aviária causa sintomas como a infecção das vias áreas e fraqueza, que muitas vezes impede o animal de se locomover. A medida profilática é o sacrifício e destruição das aves doentes para parar a transmissão do vírus.
Fonte: Embrapa, Avisite, Agência Brasil – EBC, Rural News.