A produção de arroz caiu ao menor nível em 25 anos e feijão sofre com o aumento de temperatura
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O feijão e o arroz são fundamentais para a alimentação dos brasileiros, tanto do ponto de vista nutricional quanto cultural. Esses produtos são a base da dieta de muitas famílias, mas o nível da produção agrícola está chegando no limite do consumo, alerta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os dois alimentos são de baixo custo e fáceis de preparar, o que os torna acessíveis para grande parte da população brasileira, especialmente para as famílias com menor renda. O consumo desses alimentos é uma tradição cultural no País, estando presente em mais de 60% das mesas brasileiras, segundo uma pesquisa do IBGE.
Embora o Brasil seja um dos principais produtores agrícolas do mundo, as lavouras são concentradas em poucos itens com destino à exportação. Somente a soja representa a metade da quantidade produzida de grãos para a safra 2022/2023, com um volume previsto de R$ 151,4 milhões de toneladas, sendo mais de 60% destinado ao mercado externo.
A produção brasileira de arroz atingirá este ano seu menor patamar em mais de duas décadas. A estimativa é de que o Brasil colha 9,84 milhões de toneladas do grão, menor produção desde 1998. O volume é insuficiente para atender a demanda interna, projetada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 10,25 milhões de toneladas.
O enxugamento de 51,7% na área plantada ao longo de 20 anos, além dos problemas climáticos, resultou em uma queda de 7,6% na produção em comparação ao ano passado, uma perda de 812 mil toneladas. A estiagem registrada no Rio Grande do Sul, que é responsável por mais de dois terços da produção nacional, influenciou os números do Brasil.
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O volume produzido de feijão deve ficar em cerca de 3,1 milhões de toneladas este ano, o mesmo volume obtido em 2022. A redução na estimativa de produção do grão pode ser explicada, em parte, pela perda da área de plantio para a cultura da soja, que apresenta uma rentabilidade maior e vem aumentando nos últimos anos.
Por enquanto, a produção deve atender a demanda interna. No entanto, para abastecer o mercado nacional, o Brasil precisa aumentar a produção em 44% até 2050, apontou um estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária (Embrapa) em conjunto com a Universidade de São Paulo (USP).
O risco de falta de feijão e arroz na mesa dos brasileiros é baixo, porque os grãos podem ser importados de países vizinhos. No caso do arroz, uma isenção de imposto de importação já foi adotada no passado quando houve desabastecimento do produto, sendo o Uruguai o fornecedor mais provável em caso de necessidade.
A medida pode ser adotada no caso do feijão e também não será inédita. O Brasil já importa todo o volume consumido do feijão-alúbia, utilizado no preparo da dobradinha, da Argentina. Contudo, alguns tipos preferidos pelos brasileiros, como o carioquinha, que responde por mais de 70% da produção nacional, são mais difíceis de achar no mercado global.
O aumento das importações deverá elevar os preços do feijão e do arroz e impactar diretamente a segurança alimentar brasileira. A retomada da formação dos estoques públicos pela Conab deve aliviar o valor pago pelo consumidor, mas pode ser insuficiente para segurar a alta desses alimentos.
Fonte: Agência Brasil, Agência IBGE de Notícias, Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)