A praga tem o potencial de quebrar a cadeia produtiva do cacau e do cupuaçu, especialmente nos Estados que são os maiores produtores das frutas
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A presença no Brasil da praga monolíase no Brasil, que atinge a produção de frutos do cupuaçu e do cacau, foi confirmada por teste laboratorial. O segundo foco da doença foi identificado na zona rural do município de Tabatinga (AM), na tríplice fronteira com Peru e Colômbia. Na região, um caso anterior aconteceu em Cruzeiro do Sul (AC).
A praga pode reduzir em 30% a 70% a produção das frutas, tornando inviável a produção de cacau e cupuaçu nas áreas afetadas. “A praga pode quebrar a cadeia produtiva, causando desemprego na região Norte”, analisou o gerente da defesa vegetal da Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Amazonas (Adaf), Sivandro Campos.
O Amazonas, Pará, Acre e Rondônia estão entre os maiores produtores de cupuaçu e cacau do Brasil. Embora a região responda pelo maior consumo in natura de cupuaçu, uma boa parte da produção é exportada em forma de sementes ou subprodutos, como polpa, chocolate e manteiga de cacau.
A praga da monolíase é provocada pelo fungo Moniliophthora roreri, presente em todos os países produtores de cacau e cupuaçu da América Tropical. A doença derrubou a produção de cacau do Equador, até então o maior produtor mundial, uma tragédia similar a da vassoura-de-bruxa (Moniliophthora perniciosa) no sul da Bahia.
A doença ataca os frutos das espécies Theobroma cacao (cacau) e Theobroma grandiflorum (cupuaçu) em qualquer fase de desenvolvimento, causando protuberâncias e depressões na superfície. O fungo se propaga pelo vento, chuva, insetos, animais silvestres e pelo ser humano, sendo de difícil controle.
Parece ser uma questão de tempo até a praga se espalhar por toda a América Latina. A monolíase foi descoberta em 1900 na Colômbia e no Equador. A partir da década de 1970, se espalhou para o Peru e para a América Central. Em 2012, a praga foi identificada na Bolívia e, em 2016, na Jamaica. Até 2021, o Brasil era o único país da região sem um foco da doença.
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A proibição do trânsito de materiais vegetais do cacau e cupuaçu para fora do Amazonas, decretada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), é o primeiro passo. A Adaf está mapeando a área para estabelecer as medidas de contenção. “A monolíase não tem tratamento. O que podemos fazer é tentar conter a praga na região e posteriormente erradicar o foco”, explicou Campos.
Uma força-tarefa, que contará com a sua participação, também realizará ações de educação sanitária para conscientizar os produtores sobre a importância da prevenção. “Nosso trabalho em Tabaginga com o Mapa é delimitar a área de foco para o grau de infestação da praga na região para depois fazer o trabalho de contenção e erradicação daquela área”, afirmou Campos.
Uma pesquisa liderada pela Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) desenvolveu um fungicida capaz de eliminar a vassoura de bruxa, cujo fungo é da mesma família do agente causador da monolíase. O estudo analisará a aplicação do produto nas lavouras de 1.500 produtores no Sul da Bahia durante dois anos, sendo atendidos por 50 profissionais capacitados pela Ceplac.
Fonte: Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Amazonas (Adaf).