Chegada do vírus CABMV ao Paraná exigiu mudanças na forma de cultivo dos maracujazeiros
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Os Servidores do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-PR) realizaram uma formação sobre maracujá em 2015, e, na visita a uma propriedade, foram interpelados por um produtor acerca da suspeita de uma doença na plantação. Depois de uma análise de laboratório, constatou-se a presença do vírus do mosaico caupí, conhecida pela sigla CbMV (do inglês Calibrachoa Mottle Virus).
Os funcionários buscaram ajuda de especialistas do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR) e de produtores da cidade de Presidente Prudente (SP) que já enfrentavam a doença. As informações obtidas resultaram na proposta de novas práticas no cultivo dos maracujazeiros para erradicar o vírus.
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O vírus CABMV é uma das principais pragas que acometem produções de maracujá em todo o Brasil. A primeira ocorrência relatada no País é de 1978, na Bahia; desde então, diversos estados sofrem com a doença e muitas regiões produtivas já relataram a quebra de safra em decorrência do vírus. Estudos demonstram que pelo menos 16 espécies de maracujazeiros são suscetíveis à doença.
Quando infectados pelo vírus CABMV, os pomares sofrem o endurecimento dos frutos do maracujazeiro (EFM). Quando a doença se instala, as plantas contaminadas precisam ser erradicadas, ou então podem comprometer toda a produção. Em situações normais, os maracujazeiros são plantas semiperenes, os cultivos chegam a dar frutos por até 4 anos, mas quando há presença da doença, as plantas precisam ser eliminadas anualmente.
A resistência dos produtores em alterar as práticas de manejo podem ter ajudado a espalhar a doença por todo o Estado do Paraná. Segundo informado pelo Senar-PR, a doença pode ter chegado ao Estado em 2004 e virou um problema para produtores em 2014. A principal área de cooperativa de maracujá chegou a ter uma redução drástica na produtividade, que só voltou ao normal em 2021, e outras áreas tiveram perdas de 100%.
O vírus CABMV é transmitido pelos pulgões, que passam a doença ao “morderem” uma planta contaminada e depois outra saudável. Existe uma estratégia simples para combater as infestações: ao invés de levar mudas de 30cm do viveiro para o pomar, leve-as com pelo menos 1,5 metro de altura, isso porque as plantas que já estão florescendo oferecem menos risco. Além disso, é preciso fazer o acompanhamento nutricional dos maracujazeiros para garantir a ausência da doença.
A erradicação anual das lavouras freia a disseminação do vírus. Normalmente, as lavouras são derrubadas no final da safra, entre julho e agosto, e um período de 20 dias a 30 dias funciona como um vazio sanitário; as mudas estão seguras nos viveiros e os pulgões não tem onde se instalar.
Com os novos conhecimentos sobre a doença, o sistema FAEP/Senar-PR atualizou o curso “Maracujazeiro”, que estará disponível para os produtores paranaenses. O curso ensina a contornar e conviver com a presença da doença no estado e ainda manter a produtividade. São ensinadas técnicas de irrigação, nutrição, manejo de mudas e técnicas para identificar a virose.
Fonte: CNA SENAR, EMBRAPA, Revista Cultivar, FAEP