Cotação do petróleo bateu recorde no mercado internacional por conta da guerra na Ucrânia, e preços ainda podem subir em 2022
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O preço do barril do petróleo subiu mais de 25% desde o início da guerra contra a Ucrânia promovida pela Rússia, ultrapassando os US$ 120, e esse nível deve permanecer durante meses até que haja uma redução substancial da demanda. A última vez que a cotação da commodity chegou a esse patamar foi quando os russos anexaram o território da Crimeia, em 2014.
A Rússia é o segundo maior produtor mundial do óleo, ao lado da Arábia Saudita, atrás apenas dos Estados Unidos. A União Europeia é o principal destino do produto russo, com o envio de mais de 4 milhões de barris por dia, e o bloco econômico planeja interromper totalmente as importações do petróleo bruto até o final de 2022.
Caso a suspensão europeia se confirme e seja imediata, a cotação poderá alcançar facilmente o recorde de US$ 185, de acordo com avaliação da líder em serviços financeiros JP Morgan.
A China e a Índia, mesmo sendo dois dos maiores consumidores mundiais e com franca expansão do parque de refinarias, não seriam capazes de absorver o volume extra em um curto período.
A volatilidade no mercado internacional do petróleo impacta diretamente os custos de produção no campo. O agronegócio brasileiro é altamente dependente dos derivados do óleo, especialmente para a fabricação de insumos e para o refino de diesel. O combustível é utilizado em maquinários e sobretudo no transporte rodoviário da colheita.
Quase todos os adubos nitrogenados do mundo são produzidos a partir da amônia, resultado da síntese entre nitrogênio e hidrogênio, segundo a Associação Internacional de Fertilizantes (IFA). O gás natural, derivado do petróleo, é a principal fonte utilizada para extração de hidrogênio, por questões econômicas e ambientais.
Desde o início do ano, o combustível já subiu mais de 50%, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Porém, a cotação média dos fertilizantes subiu 350% ao longo da safra 2021/2022, segundo cálculos da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja/MT).
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A instabilidade no suprimento de petróleo no mundo deve causar uma mudança no mapa energético global, abrindo oportunidades para o fornecimento de bioinsumos. Nesse contexto, o Brasil tem uma posição privilegiada pela larga experiência na produção de biocombustíveis e pelos métodos orgânicos de produção agrícola.
Na crise do petróleo da década de 1970, o País criou o Programa Nacional de Álcool (Proálcool), um feito reconhecido internacionalmente. O Brasil é o maior produtor global de etanol e o segundo maior de biocombustíveis, atrás apenas dos Estados Unidos. Nos postos brasileiros, o diesel fóssil precisa ter 10% de mistura obrigatória de biodiesel, enquanto a gasolina tem 27% de etanol.
A agropecuária brasileira também é líder mundial na utilização de microrganismos na produção. O setor de bioinsumos cresce a uma taxa superior a 30% ao ano, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), no entanto, ainda depende de mais investimentos para aumentar a capilaridade de sua atuação.
Fonte: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), JP Morgan, Scot Consultoria, Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Agência IBGE de Notícias, Agência Fapesp, Agência Brasil, Ipea Data