Com inflação já em alta, alimentos ficam ainda mais caros pela falta de insumos no campo, aponta relatório
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O início de 2022 foi marcado pela alta histórica nos preços de fertilizantes, influenciados pelos altos valores de matérias-primas, gás natural e carvão. Além disso, restrições de exportação pelos principais países responsáveis pelos insumos também contribuíram para elevação dos valores.
Como os fertilizantes nitrogenados são os mais usados no mundo, o aumento nos preços deles impacta toda a produção agrícola. Ao longo de 2021, amônia anidra, ureia, nitrogênio líquido, fósforo como fosfato diamônico e potássio tiveram registros de custos maiores.
A China (maior exportadora do mundo) e a Rússia proibiram a exportação de fertilizantes fosfatados visando manter a economia interna equilibrada. A estratégia funcionou, mas, por outro lado, afetou grandes produtores agrícolas, como Índia, Estados Unidos e Brasil.
A escassez de agroquímico impacta o produto final da agricultura. Assim, a alimentação do consumidor final é afetada.
A relação entre a oferta de gás natural e a disponibilidade de fertilizantes é direta: em combinação com o nitrogênio presente no ar, o gás forma o fertilizante de nitrogênio. É o que explica um relatório da empresa europeia Yara Fertilizantes.
Na Europa, a recente baixa na oferta dos fertilizantes resultou no fechamento de empresas do setor de insumos agrícolas ao longo do ano passado. Outras matérias-primas que também compõem e influenciam o preço final são amônia, fósforo e potássio, todos esses com cotações maiores desde 2021.
Ainda segundo as atualizações da Yara, quase todo o continente europeu teve baixa na produção de plantas pela falta de oferta de amônia. Já nos Estados Unidos — maior fornecedor mundial de milho —, produtores pensam em diminuir ou mudar a cultura para outros grãos, como a soja, por exemplo. O mesmo deve acontecer no Brasil.
Economias em diferentes países, especialmente no Brasil, registram alta inflacionária em alimentos por conta, também, de interferências no fornecimento de suprimentos e falta de mão de obra.
Sendo assim, o custo do gás natural e dos agroquímicos elevado afeta o plantio, o rendimento da produção e torna o acesso ainda mais restrito pelos consumidores finais.
Isso acontece em um cenário crítico: o Índice de Preços de Alimentos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação registrou o maior aumento nos preços de alimentos em 10 anos: 281,1%, com uma média de 125,7 pontos.
Em cerca de dois meses, começa a produção da safra 2022/23 de açúcar. Com a preocupação em relação à alta de preços do produto, usinas sucroalcooleiras avançaram a fixação dos valores de exportação.
Essa é uma das primeiras medidas tomadas em resposta à ameaça no setor agrícola e como combate aos preços mais altos.
Fonte: Yara Fertilizantes, Food and Agriculture Organization of the United States.