Café: países produtores enfrentam pesadelo climático e logístico
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O preço do café atingiu uma valorização recente no mercado internacional, mas os países produtores estão com dificuldades para aproveitar a alta. A saca de 60 quilos do café arábica chegou a ser cotada a US$ 166,52 em setembro deste ano, uma valorização de 36,7% em relação ao mesmo mês do ano anterior.
Porém, em diversos locais, adversidades climáticas e problemas logísticos atingem a cafeicultura, o que fez a Organização Internacional do Café (OIC) reduzir a estimativa de superávit global para a safra 2020/2021: de 2,63 milhões de sacas diminuiu para 2,39 milhões. Isso se deve à expectativa de aumento de consumo e à limitação de crescimento na oferta.
O mercado de café segue influenciado pelo clima no Brasil, principal produtor mundial, e por interrupções logísticas relacionadas à covid-19 que afetam o comércio na Ásia, de acordo com avaliação da OIC. O cenário deve continuar sustentando a valorização do grão nos próximos meses.
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Em setembro de 2021, a exportação brasileira recuou 26,5% em comparação ao mesmo mês do ano anterior, saindo de 4,2 milhões de sacas, em 2020, para 3,11 milhões de sacas neste ano, segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil.
A redução nos embarques reflete a queda de produção, impulsionada pela bienalidade negativa do arábica, que já era esperada, mas também por uma combinação de adversidades climáticas (de seca e geadas) que contribuíram para a diminuição do rendimento dos cafezais.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a safra 2020/2021 termine com 46,8 milhões de sacas de café beneficiado, um recuo de 25,7% frente à temporada passada. Destas, 30,7 milhões de sacas são do arábica (volume 36,9% menor em relação a 19/20) e 16,1 milhões do conilon (queda de 12,8%).
Mesmo com o retorno das chuvas no início da primavera, o desenvolvimento vegetativo dos ramos foi afetado pelo período de longa estiagem e geadas, segundo a avaliação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Café. Dessa forma, o desenvolvimento reprodutivo dos cafezais em 2022 e 2023 pode estar comprometido.
Enquanto a seca incomoda os cafeicultores brasileiros, os produtores de Honduras e Vietnã enfrentam o excesso de chuvas, o que deixa as lavouras mais suscetíveis a pragas. Além disso, problemas logísticos mundiais atingem os dois países.
A situação também é crítica na Colômbia. O país da América Central ainda se recupera de dois furacões que passaram pela região no ano passado. Honduras ainda enfrenta problemas com mão de obra. A maioria dos trabalhadores dos cafezais vêm de países vizinhos, e o deslocamento deles ficou dificultado por conta da pandemia.
O Vietnã, maior produtor mundial de conilon, deve enfrentar aumento das precipitações no início da colheita em novembro devido à influência do La Niña, o que pode prejudicar a qualidade do grão. O país pouco participou do mercado mundial em 2020 devido ao bloqueio no Canal de Suez, principal corredor logístico entre Ásia e Europa.
Já a Colômbia vive uma situação preocupante devido à onda de protesto e violência que eclodiram no primeiro semestre. Isso têm dificultado o escoamento interno da produção e elevado os custos com fretes. Além disso, o país, como todos os outros produtores de café, inclusive o Brasil, enfrenta congestionamento nos portos devido à crise internacional de contêineres.
Fonte: Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Organização Internacional do Café (OIC), Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafe).