Signatárias do “Manifesto da Soja do Reino Unido” representam quase 60% das compras do grão pela região
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Multinacionais presentes no Reino Unido, como Tesco, Nestlé, Sainsbury’s, Nando’s, KFC, Morrisons e McDonald’s assinaram, nesta terça-feira (09), um manifesto em que se comprometeram a comprar apenas soja cultivada sem desmatamento ou remoção da vegetação nativa até 2025.
Os 27 signatários do “Manifesto da Soja do Reino Unido” incluem diversas empresas da cadeia da indústria alimentícia e compram quase 2 milhões de toneladas do grão por ano, o que representa quase 60% de todo o consumo da região.
Mesmo com um volume pequeno comparado a outros países, as 3,5 milhões de toneladas consumidas pelo Reino Unido em 2020 contribuíram para a devastação de biomas como o Cerrado, a Mata Atlântica, o Gran Chaco e a Chiquitânia na América do Sul. Em 2017, as empresas estimam que a soja embarcada para a região levou a um desmatamento de 3.081 hectares.
O total de consumo de soja do Reino Unido representa 10% da safra do grão prevista pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para o Mato Grosso. De acordo com relatório da Trase, 1,4 milhão de hectares foram devastados no estado para abrigar áreas de sojicultura entre 2012 e 2017, o que representa um terço da área desmatada no período.
Além disso, a iniciativa das empresas da região não está isolada na Europa, e pode inspirar outras empresas e países a aderirem o manifesto. O Brasil é o segundo maior exportador de alimentos para a União Europeia e o bloco econômico de 27 países é o maior parceiro comercial brasileiro, depois da China.
Nos Estados Unidos (EUA), o Congresso discute um marco legal que pretende barrar as exportações do Brasil, como soja, cacau, gado, madeira e borracha, por conta da devastação ambiental. Os autores do projeto consideram que “a pecuária é o maior impulsionador do desmatamento na Floresta Amazônica e outros biomas”. A atividade gera um volume de US$ 500 milhões em negócios.
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Antes dos manifestos europeus e de outras iniciativas que tentam diminuir o desmatamento na produção de alimentos, o setor agropecuário brasileiro, ONGs ambientais e o próprio governo lançaram a Moratória da Soja, em 2006. O pacto ambiental procura assegurar que toda a soja produzida no bioma da Amazônia esteja livre de desmatamentos ocorridos após julho de 2008.
A iniciativa monitora por satélite as lavouras do grão e exclui do processo de comercialização e financiamento as propriedades rurais que usarem áreas devastadas para o cultivo. No último levantamento, foram identificados 108 mil hectares que desrespeitam as regras da Moratória, o que é cerca de 2% de toda a área de soja cultivada no bioma Amazônia na safra 2019/20. Especialistas defendem que a medida também deve ser ampliada para o Cerrado.
Fonte: Uk Soy Manifesto, Congresso dos Estados Unidos, Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais, Trase.