Reajustes da gasolina têm efeitos diretos sobre o preço do etanol, mas custo do biocombustível também influencia o valor do líquido derivado de petróleo
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A gasolina e o etanol têm mais em comum do que o motor de automóveis flex. No Brasil, os preços dos dois combustíveis sofrem uma influência cruzada e podem ser impactados por diversos fatores, que vão desde o barril do petróleo até o apetite mundial por açúcar (passando pela valorização do dólar).
Do início do ano até a terceira semana de março, a gasolina já havia acumulado uma alta de 46,2%. Até o momento, a Petrobras realizou cinco aumentos sucessivos e duas reduções no valor pago nas refinarias, levando o combustível fóssil a um patamar recorde, superior a R$ 5 nas bombas dos postos. Os reajustes chegaram a causar o anúncio da troca de presidente da empresa.
Acompanhando o movimento de alta, o valor do etanol registrou um crescimento de 36,22% no mesmo período, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Isso anulou parte da vantagem competitiva do biocombustível, que tem um rendimento médio aproximado de 70% em relação à gasolina.
Os preços dos combustíveis no Brasil são regulados pela oferta e demanda. Com isso, os principais fatores que influenciam no valor pago pelo álcool estão relacionados à produção das usinas de cana-de-açúcar — uma vez que o etanol de milho ainda é pouco produzido — e à procura do biocombustível pelo consumidor final.
No período de safra da cana, que vai de maio a novembro, a tendência é que o valor do produto caía com o volume maior ofertado no mercado. Porém, nem toda a lavoura é moída para se transformar em combustível, pois, caso seja mais vantajoso, as usinas também produzem açúcar. Dessa forma, os valores do adoçante do mercado mundial, que são cotados em dólar, também têm um impacto na oferta do biocombustível.
Como a maioria dos automóveis brasileiros têm motores flex, o valor da gasolina também atua como um moderador da demanda pelo álcool. Quando o derivado de petróleo tem uma alta, o etanol é a primeira alternativa dos consumidores. A maior procura pressiona o valor do biocombustível, que tende a ficar mais caro. Da mesma forma, o movimento inverso pode acontecer.
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A partir de 2016, a Petrobras, que concentra praticamente todo o refino de petróleo brasileiro, adotou uma nova política de reajustes para a gasolina e o diesel. Os valores praticados pela empresa passaram a ter uma paridade internacional, ou seja, uma relação direta com o preço pago pelo barril de petróleo no mercado global, com os custos de transporte e a volatilidade da taxa de câmbio.
Dessa forma, toda vez que a demanda internacional pela commodity cresce, os países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) resolvem reduzir a produção ou o dólar se valoriza frente ao real, e a petrolífera brasileira aumenta o preço da gasolina. Quando o oposto acontece, a tendência é de baixa.
Contudo, esse não é o único fator que influencia no valor pago pelo combustível. A Agência Nacional de Petróleo (ANP) estipula a presença de um teor de 25% de etanol na gasolina vendida no Brasil. Assim, a variação do preço do biocombustível também tem um impacto direto no valor da gasolina.
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Fonte: Agência Brasil, Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Petrobras, Agência Nacional de Petróleo (ANP).