Com a segunda onda da pandemia e o fim do auxílio emergencial, queda no poder de compra dos consumidores deve atingir o agro
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Após nove meses de pagamento, o auxílio emergencial oferecido a grupos específicos de brasileiros durante a pandemia chegou ao fim (em dezembro de 2020).
A princípio, a proposta previa um valor auxiliar enquanto a pandemia de coronavírus durasse no Brasil. No entanto, o benefício foi encerrado mesmo durante o surgimento do que os especialistas chamam de uma segunda onda da covid-19, por conta do aumento significativo no número de casos e mortes diárias.
Dentre os principais impactos da quarentena e das medidas de isolamento social, o desemprego e a paralisação de serviços não essenciais foram os maiores responsáveis por reduzir o poder de compra das famílias brasileiras.
Essa situação afetou de maneira significativa a economia do país, sendo necessária uma intervenção do governo em forma de auxílio emergencial para 43,7% da população, visando reduzir os efeitos negativos e garantir a sobrevivência dos grupos mais vulneráveis.
Em relação aos segmentos que mais sentiram essas mudanças, podemos destacar o agronegócio – setor que depende diretamente da relação de oferta e demanda para balancear preços e volumes de exportação e importação.
Em resumo, o consumo dos brasileiros teve uma forte mudança no início da pandemia, quando muitas famílias precisaram fechar seus negócios ou perderam parte da sua fonte de renda. Nesse cenário, o agronegócio sente os efeitos das mudanças nas demandas de produtos, como a queda na procura por carne vermelha e o aumento das vendas de carnes mais acessíveis, como frango e porco.
Com a chegada do auxílio emergencial, famílias conseguiram recuperar parte desse poder de compra, voltando a consumir produtos do agronegócio em um volume maior e consistente. Por outro lado, a alta do dólar e a abertura de novos mercados internacionais mais rentáveis para os produtores colaboraram para um desequilíbrio entre oferta e demanda interna, o que causou a elevação dos preços de diversos itens.
Se com o recebimento do benefício, essa relação de preço já estava delicada, o alerta dos especialistas para o início de 2021 segue redobrado. Cesar Alves, consultor de agronegócio do Itaú BBA, apontou: “a projeção para consumo no agronegócio não é tão positiva porque a gente acredita que o auxílio emergencial não vai estar presente em 2021, e isso foi um dos grandes catalisadores da alta dos preços”.
“Os frigoríficos estão muito pressionados, praticamente sem margem na venda de carcaças, e o consumo interno deve ser muito fragilizado por conta dessa conjuntura doméstica, sem coronavoucher e com a carne bovina bem cara. Colocando tudo isso na balança, é um cenário bem ameno para o total de rações produzidas”, completou Alves.
Já para Paulo Guedes, ministro da Economia, o fim do auxílio emergencial ajudará a controlar a inflação. “Nós achamos que esse aumento de inflação vai se dissipar. Primeiro, porque o presidente da Câmara vai aprovar o Banco Central independente, impedindo que essa alta transitória de preços prossiga. E, segundo, porque a própria suavização do auxílio emergencial, à medida que ele desce, recai no Bolsa Família. Essa explosão de preços de construção civil e de alimentos se acalma um pouco”, destacou o ministro.
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Fonte: Agência Brasil, Itaú BBA.