Estudo da Fiesp projeta diminuição de 2% na área plantada, mas maior produtividade permitirá aumento da colheita de café
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O Brasil é, tradicionalmente, o maior produtor mundial de café: com 49,3 milhões de sacas na safra 2019/2020, concentrando 35% de todos os grãos colhidos no planeta. Mas ainda há mais espaço para crescer: o estudo “Outlook Fiesp 2029”, divulgado em agosto pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, projeta uma produção 40,1% maior até 2029, chegando a 69 milhões de sacas.
Esse espaço para aumentar não é necessariamente físico — afinal, a área plantada vai diminuir 2%, mantendo-se na faixa dos 2 milhões de hectares —, mas sim em produtividade. Das 27 sacas por hectare registradas na safra 2019/2020, o último ciclo da década, a produtividade deve ir para 38 sacas por hectare até 2029 (um aumento de 40,8%).
É importante observar que parte dessa variação tão expressiva deve-se à bienalidade da espécie: já em 2021, o Brasil deve produzir cerca de 60 milhões de sacas de café, como em 2019. Mas, mesmo levando esse fator em conta, o Brasil pode esperar um crescimento gradual e expressivo na cafeicultura na próxima década, chegando a um pico de 71 milhões de sacas no ciclo 2028/2029.
Outro dado interessante do estudo Outlook Fiesp 2029 diz respeito ao consumo: as exportações terão um leve aumento, de 41 milhões de sacas para 43,9 milhões. No entanto, o maior crescimento acontecerá no mercado interno, que passará das 23,5 milhões de sacas para cerca de 30 milhões no final da década.
Esse crescimento projetado para a próxima década tem precedentes na história: segundo informações divulgadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a cafeicultura brasileira cresceu 56% entre 2009 e 2019 — um aumento mais expressivo do que as próprias estimativas da Fiesp.
Grande parte do crescimento que ocorreu nos últimos anos e do que acontecerá nos próximos é possibilitado pela adoção de tecnologias no campo, tanto para aumentar a produtividade em números absolutos quanto para melhorar a qualidade do café colhido e conquistar mais rentabilidade.
Nesse sentido, destacam-se tecnologias como as colhedoras, que permitem extrair um maior número de grãos no ponto ideal, e os secadores, que beneficiam os grãos de forma mais eficiente do que os métodos manuais.
Mais recentemente, a cafeicultura começou a investir no sensoriamento remoto e em equipamentos de geolocalização para garantir a qualidade da lavoura durante toda a safra. Além disso, os drones podem ser utilizados para distribuir melhor os nutrientes e pesticidas, bem como para controlar a irrigação.
Porém, além das máquinas, a tecnologia que aumenta a produtividade do café brasileiro está presente também no desenvolvimento de cultivares e na disseminação de novas técnicas de manejo — que podem ser adotadas por qualquer produtor, independente de seu porte ou capacidade de investimento.
O Consórcio Pesquisa Café — iniciativa com participação da Embrapa, da Fundação Procafé, além de diversos institutos de pesquisa e universidades — já criou mais de 30 cultivares que oferecem produtividade melhor, apresentando grãos com mais qualidade e maior resistência a pragas, como o café arara.
Além disso, o Consórcio difunde o sistema de produção irrigado, que gera uma redução de 50% nos grãos mal-formados e permite obter 85% de grãos-cereja (ou seja, no ponto ideal) no momento da colheita.
Um grande exemplo disso é a Unidade de Referência Tecnológica (URV) da Embrapa em Silves, no Amazonas: ela produz 75 sacas de café robusta por hectare, três vezes mais do que a média estadual, de 23. Um dos principais fatores que contribuem para isso é a adoção do cultivar BRS Ouro Preto e de mudas clonadas, além da utilização de técnicas de manejo corretas, como o plantio em covas bem feitas, adubação ideal, podas regulares e controle de pragas eficiente.
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Fonte: Fiesp, Jacto, Consórcio Pesquisa Café e Embrapa.