Tecnologia impulsiona safra recorde de soja

16 de março de 2020 5 mins. de leitura
Técnicas mais eficientes, automatização da produção e melhoramento genético são algumas das tecnologias que possibilitaram a colheita de 115 milhões de toneladas de soja na safra 2018/2019

De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em setembro, a safra 2018/2019 apresentou recorde na produção de grãos no Brasil, com a marca de 242,1 milhões de toneladas. Apenas a soja foi responsável por quase metade disso, com a colheita de cerca de 115 milhões de toneladas. Para o próximo ciclo, a perspectiva da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de um crescimento de 1,6% e um novo recorde: 245,8 milhões de toneladas, sendo que 120 milhões delas devem ser desse grão. Um dos principais fatores que tornaram esse progresso possível foi a evolução tecnológica.

Os números são expressivos, mas tornam-se ainda mais significativos quando colocados em uma perspectiva histórica. Até a década de 1960, a produção de soja era bastante pequena no Brasil, com apenas 204 mil toneladas. Já no fim do decênio seguinte, ela se tornou o principal produto de exportação do país, com a marca de 15 milhões de toneladas. Depois disso, o cultivo desse grão no Brasil continuou aumentando exponencialmente.

O crescimento se deu tanto pela expansão da área cultivada — 1,3 milhão de hectares em 1970 para 36 milhões em 2018 — quanto pelo progresso em termos de produtividade. A produção por hectare, que era 1.089 kg em 1970, mais que triplicou até 2018, passando para 3.362 kg.

O especialista em soja da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Amélio Dall’Agnol atribui o crescimento ao avanço tecnológico. “A tecnologia foi a grande aliada dos sojicultores brasileiros no estabelecimento e na rápida expansão da soja pelo país”, afirma.  

A biotecnologia e a soja tropical

Sendo um grão originário do leste da Ásia, a soja era sempre cultivada em latitudes acima dos 30 graus, em regiões de climas mais amenos. Dessa maneira, sua produção no Brasil era restrita ao extremo sul do país. Porém, experiências no campo da biotecnologia permitiram um melhoramento das plantas, adaptando-as para o clima tropical brasileiro. Assim, foi possível fazer com que o cultivo do grão avançasse rumo à região Centro-Oeste, que hoje é o maior polo produtor do país.

Para 2020, a Embrapa está lançando novas variedades da planta que são resistentes a percevejos, uma das principais pragas que atrapalham os produtores brasileiros. Como explica o pesquisador Carlos Arrabal Arias, em entrevista para o site da Embrapa, “a tecnologia permite uma melhor convivência com os insetos no campo e, apesar de não dispensar o uso de inseticidas, amplia muito a proteção da lavoura ao ataque da praga”.

(Fonte: Unsplash)

Técnicas mais eficientes

Quando o assunto é tecnologia, é comum pensar apenas em máquinas e computadores. Mas a adoção de técnicas de plantio mais eficientes também estão relacionadas a isso. No caso da evolução da soja no Brasil, essas técnicas têm um papel extremamente importante.

À medida que a variedade tropicalizada da planta começou a ganhar o Centro-Oeste brasileiro, observou-se o desafio de lidar com solo ácido e pouco fértil dessa região. A primeira técnica que ajudou, nesse sentido, foi a calagem, que consiste em aplicar cal na terra, para regular sua acidez. Além disso, vale destacar os desenvolvimentos que permitiram controlar melhor as pragas no campo, bem como a técnica de plantio direto, que passou a ser amplamente difundida nas últimas décadas.

Automatização da produção

A evolução do maquinário agrícola permitiu que o plantio da soja se tornasse muito mais assertivo e eficiente. Afinal, os tratores automatizados são programados para distribuir as sementes na profundidade adequada e com a quantidade de fertilizantes correta, fazendo com que elas germinem e cresçam da melhor forma possível.

Mas a automatização é outra área em que as evoluções são contínuas. A tendência, agora, é a coleta cada vez maior de dados pelas máquinas e a utilização desses números em cálculos que tornam a produção cada vez mais eficiente. É a chamada “agricultura de precisão”. Um exemplo disso é a distribuição variável de fertilizantes, a partir de leituras automáticas da fertilidade do solo.

(Fonte: Pexels)

Contudo, não são apenas as grandes máquinas que contribuem para tornar a agricultura cada vez mais inteligente. Os drones, que vêm crescendo em popularidade, também podem auxiliar muito na lavoura. Recentemente, a Embrapa apresentou uma demonstração do uso de imagens aéreas e sensores para o plantio de soja. “Dependendo do tipo de sensor podemos avaliar o vigor das plantas, diferentes estresses sofridos e o potencial de produtividade”, afirmou o pesquisador Júlio Franchini, para o site da empresa.

Como se pode observar, a tecnologia e a produção agrícola andam de mãos dadas, tanto no melhoramento genético das plantas cultivadas quanto na incorporação de aparatos tecnológicos que tornam a produção mais eficiente. A cada safra, é possível observar avanços substanciais, comprovados pelos números.

Fonte: Embrapa; Ministério da Agricultura; Conab

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