Tecnologia e agronegócio: tendências pós-coronavírus

30 de maio de 2020 4 mins. de leitura
O uso da tecnologia para análise de dados em tempo real ajudará produtores a enfrentar os impactos no setor

Apesar de ser o setor da economia menos afetado pela crise mundial de coronavírus, o agronegócio brasileiro deverá enfrentar diversos desafios para a recuperação total dos efeitos gerados pela pandemia. Os principais estão relacionados ao volume de produção e ao consumo, que afetam diretamente a relação entre a oferta e a demanda dos produtos agropecuários.

Para que o ritmo possa ser retomado mais rapidamente, reduzindo as consequências negativas para o setor, o uso da tecnologia no campo pode ser um aliado. De acordo com Rafael Coelho, CEO da Agronow, empresa de ciência de dados para o agronegócio, conhecer os dados do mercado pode fazer toda a diferença na tomada de decisão dos agricultores, principalmente em um cenário pós-pandemia.

Impactos do coronavírus no agronegócio brasileiro

(Fonte: Shutterstock)

Apesar da breve baixa no setor no início da pandemia, o Brasil já tem recuperado o ritmo e retomado negociações internacionais. A China, por exemplo, tinha diminuído as importações brasileiras enquanto enfrentava o pico da doença, mas contratos já foram retomados para o abastecimento de grãos e carne do país asiático.

Com um grande potencial produtivo, o Brasil pode ser a solução para regiões que estão sofrendo com os impactos na produção agropecuária devido à atual crise. Sendo assim, os produtores poderão enfrentar o desafio de precisar atender a altas demandas nacionais e internacionais ao mesmo tempo.

De acordo com Coelho, “a produção das nossas principais commodities agrícolas deve ser pouco afetada, ao menos no curto prazo, visto que boa parte da soja já foi colhida e o milho está avançando bem no plantio, especialmente porque essas lavouras são altamente mecanizadas, tornando o trabalho humano menos intenso”. Já para o consumo interno, alguns setores passam por uma fase de lentidão e falta de recursos que pode afetar a disponibilidade e o preço dos produtos, como é o caso do mercado lácteo.

Demandas pós-coronavírus

Estudar as tendências dos mercados nacional e internacional é essencial para um bom planejamento agrícola tanto para o momento atual de incertezas quanto para um cenário pós-pandemia. “Precisamos considerar os cenários interno e externo. No mercado interno já pode ser sentido um pico de demanda inicial, que faz o preço subir, o que, associado à alta da cotação do dólar, ao qual as commodities estão atreladas, é bom para os produtores” explicou Coelho. O executivo também ressaltou que os efeitos econômicos na renda da população afetarão o poder de compra no longo prazo, o que pode gerar mudanças no consumo e, consequentemente, baixa nos preços de alguns produtos.

Tecnologia como grande diferencial para recuperação de produtores rurais

(Fonte: Shutterstock)

Além de favorecer um cenário de recuperação rápida para o agronegócio por meio de técnicas e manejos que aumentem a produtividade e reduzam os custos de produção, a tecnologia pode ser determinante para que produtores rurais saibam como agir diante de outra crise sanitária e econômica mundial.

De acordo com o CEO da Agronow, o uso de sistemas de análise e ciência de dados permite visualizar em tempo real as informações sobre as safras e os impactos que cada oferta está sofrendo. Desse modo, é possível estudar qual é a melhor estratégia de acordo com o comportamento do mercado. “A soja, que tem um ciclo longo, terá a oferta bem menos afetada do que os produtos de ciclos curtos, como alface e outras hortaliças. De posse dos dados, o produtor pode tomar a decisão se vale ou não a pena plantar em determinada safra”, exemplificou.

Também é possível facilitar outros tipos de serviços e processos, como a concessão de crédito rural. “A tecnologia consegue informar ao banco como a fazenda está organizada em termos de área plantada, qual é a cultura e a produtividade. Para as instituições de crédito, estes são indicadores essenciais”, finalizou.

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Fonte: Agronow e Estadão.

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