Em comparação com a monocultura, a agrofloresta proporciona maior qualidade ao café e reduz o impacto negativo de sua produção no meio ambiente e na sociedade
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Produto mais importante da economia do Brasil durante boa parte de sua história, o café gera uma relevante fração da riqueza nacional, segundo dados divulgados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa): US$ 2 bilhões anuais, que significam mais de 2% do valor total de exportações e um terço da produção mundial.
O café é historicamente cultivado no Brasil como monocultura, apesar de ser parte de sistemas arborizados no resto do mundo. Esse fato é explicado por Marcos Silveira Bernardes e Carlos Armenio Khatounian, professores do Departamento de Produção Vegetal da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (USP/Esalq), em artigo publicado na revista Visão Agrícola, em 2013, no qual ressaltam que o Brasil é o único grande produtor internacional de café e que a planta é predominantemente cultivada sem arborização.
Diversos estudos complementares têm apontado as múltiplas vantagens de se produzir café em Sistemas Agroflorestais (SAFs): desde a maior qualidade do produto em si e do melhor aproveitamento das plantas até melhores condições de trabalho no campo e sustentabilidade, neutralizando o impacto da produção no meio ambiente.
Bernardes e Khatounian apontam que a produção de café a pleno sol, como acontece na monocultura, estressa excessivamente as plantas, que são naturalmente parte de um sistema florestal, e acaba reduzindo sua capacidade de produção.
É um consenso entre os estudiosos que, na agrofloresta, há maior qualidade dos frutos cafeeiros, gerando bebidas mais aromáticas e encorpadas. A produção orgânica garante um café mais saudável e agrega valor de mercado ao produto, principalmente para a exportação, segundo informe do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
A raiz do hábito da monocultura no Brasil está no fato de termos sido uma colônia. As plantações na época colonial consistiam em latifúndios (exploração extensiva dos recursos) de monoculturas, utilizando mão de obra escrava, sistema que tornava os produtos mais baratos e mais abundantes, sem grandes preocupações.
A manipulação extrema do ambiente, que é necessária à monocultura, com a limpeza do terreno e dominação de uma única planta, gera desequilíbrios ambientais, por isso aumenta a probabilidade de a plantação depender de agrotóxicos e outros aditivos.
Em resumo, uma agrofloresta é um sistema em que espécies de valor agronômico, como café, são cultivadas junto a uma floresta. A agricultura depende e se beneficia das condições do solo e de outras características do ambiente proporcionado pela presença das árvores. Segundo o Sebrae, o sistema agroflorestal combina plantas que interagem econômica e ecologicamente e é vantajoso pois “apresenta viabilidade e sustentabilidade ecológica, social e econômica”.
O processo é sustentável pois proporciona preservação ou recuperação do sistema nativo, diversidade de produtos agronômicos, maior aproveitamento da área, facilita a manutenção do solo e elimina a necessidade de aditivos agrícolas químicos, segundo a Embrapa, melhorando as condições do pequeno produtor e da agricultura familiar, assim como do grande produtor.
A técnica se apoia no conhecimento científico acumulado sobre a ecofisiologia das espécies vegetais manipuladas no mercado e sua interação com a fauna nativa, como aponta um informativo da World Wide Fund for Nature (WWF-Brasil), organização sem fins lucrativos e comprometida com a conservação da natureza no contexto socioeconômico brasileiro.
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Fonte: Esalq, Sebrae.