A fruta típica de clima frio está sendo produzida nas altas temperaturas nordestinas graças à pesquisa da Embrapa
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Há 10 anos, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) vem pesquisando formas de adaptar a produção de frutas de clima frio ao semiárido brasileiro. Um dos primeiros frutos a ter boa resposta foi a pera, cuja produção nordestina hoje já abastece os mercados da região Sul.
O Vale do São Francisco, que compreende áreas entre Minas Gerais, Bahia e Pernambuco, é conhecido pela produção de uva e manga, que se adaptam bem ao clima quente local. A região é a maior exportadora dessas frutas no Brasil, movimentando mais de R$ 1 bilhão.
O desafio dos produtores era diversificar o portfólio de frutas, incluindo, principalmente, aquelas mais consumidas no mercado nacional, como a pera.
O maior produtor da fruta no Brasil é o Rio Grande do Sul, que concentra 55% da colheita nacional. Porém, esse número ainda é insuficiente para dar conta do consumo interno, fazendo com que 95% das peras comercializadas nos supermercados brasileiros sejam importadas. Segundo a Embrapa, em 2019, o Brasil comprou 180 toneladas da espécie.
A ideia da pesquisa é aproveitar as janelas deixadas pela safra do estado do sul para produzir a pera em outras épocas e, assim, abastecer o mercado com mais opções cultivadas em solo nacional.
Segundo o Dr. Paulo Roberto Lopes, pesquisador da Embrapa e responsável pelo projeto, o maior desafio para aumentar a produção nacional era superar a necessidade de clima frio para o desenvolvimento da fruta. A pereira precisa de 400 horas de baixa temperatura (aproximadamente 7°C) para produzir frutos. A resposta veio do manejo diferenciado em regiões mais quentes, como no semiárido.
De acordo com o especialista, ao longo de dez anos foram feitos diversos experimentos para se chegar a florescimento, frutificação e produção. Além disso, foram adaptados parâmetros de espaçamento, irrigação, adubação, entre outros. As variedades que melhor se ajustaram a essas condições e ao clima quente foram Triunfo, Princesinha, Housui, Centenária e Schmidt.
A área plantada com os frutos nessa experiência ainda é pequena, mas estima-se que chegue a 20 hectares ainda em 2020. O entusiasmo com a nova cultura é grande, já que os ensaios conduzidos pela Embrapa mostraram um potencial produtivo de mais de 60 toneladas por hectare com duas safras por ano na mesma planta.
Outras frutas também vêm sendo testadas em regiões de clima quente. Maçã, caqui, amora e mirtilo podem ser as próximas culturas a chegar ao semiárido.
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Fonte: Embrapa.