Máscara para vacas converte gás metano de arroto em água

9 de abril de 2020 4 mins. de leitura
Em luta contra o aquecimento global, empresa do Reino Unido cria dispositivo para diminuir impacto da pecuária na camada de ozônio

Uma máscara capaz de transformar o arroto de vacas e bois em água é uma das novidades para aumentar a sustentabilidade das práticas pecuárias. A empresa fundada por argentinos Zelp, sediada no Reino Unido, desenvolveu o produto com o objetivo de revolucionar os efeitos que a criação de ruminantes gera no aquecimento global.

Em pesquisa da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), dos Estados Unidos, registrou-se aumento considerável nos níveis de gás metano na atmosfera em 2017. Além do dióxido de carbono (CO²), o metano é um dos gases que mais retêm calor e auxiliam no efeito estufa.

(Fonte: Zelp/Divulgação)
(Fonte: Zelp/Divulgação)

Em seu site, os desenvolvedores da Zelp descrevem que, com o crescimento de informações sobre os efeitos da pecuária no aquecimento global, consumidores de produtos derivados da criação bovina vêm buscando empresas que utilizem práticas mais benéficas ao meio ambiente. Dessa forma, a máscara que capta o gás produzido pelo sistema digestivo dos ruminantes pode ser um dos dispositivos capazes de mudar o mercado de carnes e laticínios em curto prazo.

Apesar de também ser utilizado em cozinhas e sistemas de calefação, uma pesquisa feita pelo departamento de geociência da Universidade de Londres descobriu que, mesmo em menor escala, o metano pode ser mais nocivo do que o CO². Os cientistas estimam que o gás decorrente da digestão das vacas pode absorver até 25 vezes mais calor do que o gás carbônico, o que ilustraria o perigo do aumento de sua emissão na atmosfera.

Acordo de Paris

Segundo dados da NOAA, 15 bilhões dos 50 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa (GEE) presentes na atmosfera são compostos por metano, cuja produção tem como grande fonte as práticas agropecuárias. Um estudo coordenado por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) demonstram que, em 2005, 50% dos GEE no Brasil eram provenientes da produção de gado.

Em 2015, 195 países participantes da Organização das Nações Unidas (ONU) se reuniram para firmar o Acordo de Paris, que visa reafirmar medidas para minimizar os efeitos dos gases de efeito estufa na atmosfera. O encontro realizado na capital francesa teve como principal objetivo estabelecer as ações necessárias para limitar o aumento médio da temperatura global em 2°C.

Entre os pontos ratificados no acordo também está a necessidade de os países desenvolvidos disponibilizarem suporte financeiro e tecnológico para que as nações menos desenvolvidas consigam seguir as metas do tratado. Além disso, ficou definida a promoção de desenvolvimento tecnológico, intercâmbio e capacitação profissional para que todos estejam preparados para as mudanças climáticas.

Efeito estufa no Brasil

(Fonte: Pixabay)
(Fonte: Pixabay)

Um estudo do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG) apontou que as emissões de GEE se mantiveram estáveis no Brasil em 2019. O relatório apontou uma flutuação de apenas 0,3% de um ano para o outro.

O País foi responsável por transportar 1,939 bilhão de toneladas de CO² para a atmosfera. Uma das principais causas para os números brasileiros é o aumento de 8,5% no desmatamento da Amazônia. Em compensação, a alta de 13% no uso de etanol como fonte de energia no Brasil fez com que o setor de combustíveis tivesse decréscimo de 5% na influência de emissão de gases.

A pecuária, por sua vez, representa a segunda maior fatia de produção de GEE no Brasil, segundo o IBGE. Liderando o ranking de maiores produtores de carne no mundo, com 221,9 milhões de cabeças de boi, o País presenciou queda de 0,7% de emissões vindas do setor em 2019. Um dos motivos para a redução pode ser o aumento no abate de matrizes, resultado da alta do preço da carne no mercado internacional.

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Fontes: Estadão, Zelp, BBC

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