Ganhadora do Nobel diz que Brasil precisa melhorar uso do solo

16 de março de 2020 4 mins. de leitura
A norte-americana Frances Arnold morou no Brasil durante suas pesquisas

Frances Arnold, a quinta mulher a ganhar o prêmio Nobel de Química, esteve no Brasil no começo de 2020 para participar de um evento com mulheres do agronegócio, e o tema do encontro foi a inovação sustentável no setor. Na oportunidade, a engenheira química afirmou que o País precisa melhorar urgentemente o uso do solo.

(Fonte: Alexander Mahmound/Nobel Media Photo/Divulgação)

A cientista norte-americana encheu o Brasil de elogios, ressaltando a forte vocação para o agronegócio e pelas ações da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa); para ela, o País pode contribuir com a produção mundial de alimentos. Arnold ainda destacou o fato de sermos pioneiros na utilização de compostos biológicos no controle de pestes de cana-de-açúcar e na integração de agricultura, pecuária e floresta.

Entretanto, apontou um defeito que está gerando problemas para o solo: o uso de pesticidas e fertilizantes.

O problema

O aumento da demanda do mercado mundial está transformando as plantações em atividades cada vez mais aceleradas. Os alimentos plantados têm que atingir a maturidade o mais rápido possível e com os melhores tamanhos. Por isso, proteger as plantações contra as pragas é uma tarefa importante, já que é impensável perder toda uma colheita. Para alcançar esse nível de produção, são utilizados fertilizantes para acelerar e pesticidas para proteger os cultivos — o problema é que boa parte desses materiais não é sustentável, e isso gera a poluição do meio ambiente, principalmente do solo.

O uso de defensivos é cíclico. Os pesticidas reduzem a eficiência da fixação de nitrogênio realizada por microrganismo e tornam o solo mais fraco e menos produtivo, o que exige o uso de fertilizantes para que a terra consiga continuar produzindo.

Solução encontrada por Frances Arnold

Entre as pragas que afetam as plantações brasileiras e são combatidas de maneira pouco sustentável está a lagarta de cartucho, que atinge plantações de milho, algodão e soja. Arnold criou uma forma de produzir feromônios que podem eliminar essa praga de modo mais sustentável e sem o uso de pesticidas.

(Fonte: Marina Torres/Embrapa/Reprodução)

A substância foi usada nas pesquisas da cientista no Brasil, porém era muito cara para os produtores rurais. Após ganhar o Nobel, ela conseguiu produzir os feromônios em grande escala e com custo baixo por meio da startup que fundou, chamada Provivi.

O produto pode ser utilizado em grandes ou pequenas plantações, porém de maneiras distintas. Nos pequenos cultivos ou nas frutas, são utilizadas armadilhas para capturar os machos da lagarta de cartucho, que são atraídos pelo odor, mas não conseguem encontrar a fêmea, reduzindo a produção de ovos e a reprodução.

Em grandes plantações, entretanto, essa prática é inviável, então é utilizada a tática da “confusão sexual”. Aviões ou drones pulverizam o feromônio nos cultivos para evitar que o macho se reproduza.

A ganhadora do Nobel

Frances Arnold nasceu em 25 de julho de 1956 na Pensilvânia, nos Estados Unidos, e venceu o Nobel de Química em 2018 com seus colegas George Smith e Gregory Winter. Ela é professora de Engenharia Química, Bioengenharia e Bioquímica no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech).

O trabalho premiado foi sobre a evolução dirigida, que transforma enzimas para produzir substâncias menos poluentes. A partir dessa pesquisa, foi possível produzir bicombustíveis, detergentes e outras soluções sustentáveis.

Fontes: Prêmio Nobel

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