Couro de tambaqui: alternativa sustentável para aumentar a renda

4 de fevereiro de 2020 3 mins. de leitura
Potencial econômico gerado pelo couro do tambaqui, espécie de peixe brasileira, é otimizado pela facilidade da criação em cativeiro

O tambaqui é uma espécie nacional de peixe que tem recebido destaque na piscicultura, sendo a mais produzida no Brasil. Segundo maior peixe de escamas de água doce da América do Sul, é encontrado principalmente nas bacias dos rios Amazonas e Orinoco, e seu potencial econômico, caracterizado pela alta rentabilidade, não se restringe à comercialização da carne branca, apreciada no mercado internacional. O couro do tambaqui também serve para venda.

Calçados, bolsas e outros produtos de couro do peixe são criados com uma espécie de manta que, dependendo do tipo de acabamento, pode custar entre US$ 140 e US$ 180. Esse valor é referente à manta confeccionada com a pele de aproximadamente 24 tambaquis, tendo em média 100 cm x 60 cm.

Cerca de 300 mil peles de peixes são desperdiçadas todos os dias no Amazonas, mas esse cenário tende a mudar à medida que as pesquisas de aproveitamento de couro avançam e os produtores conhecem mais sobre essa alternativa sustentável de renda. Iniciadas há cerca de 10 anos no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), hoje as pesquisas atraem investimentos diversos, como a inauguração das novas instalações do Laboratório de Fisiologia Aplicado à Piscicultura (Lafap) em Manaus.

(Fonte: Unsplash)

Exótico e sustentável

Curtir couro de peixe, no geral, evita danos ambientais, e esse é mais um benefício do investimento em aprendizado de técnicas de manufatura do produto. Por conta da fácil reprodução e sobrevivência do peixe em cativeiro, existe um amplo mercado de produção artesanal do couro do tambaqui, dando um novo destino ao item, diferente do descarte nas águas dos rios. Nesses casos, pequenos produtores ou associações são responsáveis pela produção do início ao fim e utilizam ferramentas e processos mais simples. Para capacitar essas pessoas, cursos são oferecidos em diversas regiões do País — ainda que os maiores polos produtores sejam Rondônia, Mato Grosso e Maranhão.

Apesar de ser um mercado ainda jovem, o potencial é grande. O crescimento da aquicultura brasileira é contínuo: de 2005 a 2017 foi registrado aumento anual de 8,87% na produção, passando de 257 mil toneladas em 2005 para mais de 691 toneladas em 2017.

Para resultados ainda mais efetivos, é preciso consolidar a cadeia produtiva, e essa é uma tarefa que envolve tanto o produtor quanto o governo e a indústria. Portanto, é preciso comprometimento com a otimização dos processos.

(Fonte: Unsplash)

Propriedades do couro de tambaqui

Devido à presença de fibras colágenas mais espessas no sentido longitudinal e grossos feixes de fibras colágenas no sentido transversal à superfície da pele, o produto resultante da curtida do couro apresenta propriedades ideais para confecção de roupas e tecidos resistentes.

Além disso, o processo de tingimento e acabamento, momento em que é eliminado o odor característico de peixe, é ágil, trazendo retorno financeiro de curto prazo. Os produtores que utilizam utensílios domésticos, como peneira plástica, escorredor, balança, balde plástico, pá de madeira, colher, faca, tesoura, copo medidor, termômetro e panos ou esponjas para aplicação de acabamento seco ainda conseguem reduzir os custos de produção. Por fim, a obtenção do licenciamento ambiental pode ser simplificada com a seleção de produtos químicos adequados, o que garante, inclusive, a qualidade do couro.

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Fontes: Embrapa; USP

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