Estudos conduzidos por agências como Embrapa e Cepagro apontam que a preservação do meio ambiente é fundamental para o desenvolvimento do agronegócio
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O Brasil é um dos países na lista dos maiores produtores agrícolas mundiais e também dos maiores exportadores de commodities. Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), em 2019 o País foi o maior exportador agrícola do território latino-americano e caribenho. Em 2018, o Brasil foi apontado pela mesma entidade como o terceiro maior exportador mundial de alimentos.
Os dados mostram como o agronegócio despontou nas últimas décadas, desde que o país mudou seu status de importador para potencial exportador. As previsões do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) são de que a produção brasileira pode passar de 232,6 milhões de toneladas da safra (no período 2017/2018) para 302 milhões até 2027/2028. Isso significa um crescimento de 2,5% ao ano.
Para que isso aconteça efetivamente, as produções agrícolas devem contar com seu maior aliado: o clima. No entanto, o cenário indica que as previsões não são assim tão otimistas em relação a esse fator. As mudanças climáticas afetarão diretamente – e cada vez mais – as produções agrícolas.
Condições como aridez do solo, redução do potencial de irrigação e aumento na incidência de pragas e doenças são alguns dos principais problemas que podem se agravar em níveis que causarão perdas na produção e dificuldade para a migração de culturas, segundo a Embrapa.
Em 2013, o Banco Mundial publicou um estudo que aponta um aumento médio da temperatura superior a 2°C até 2050. Com base nesse prognóstico, a atenção de especialistas se volta à análise de cenários relacionados às áreas de cultivo no Brasil e à busca de soluções para evitar os impactos negativos no meio ambiente e, consequentemente, no agronegócio brasileiro.
Entre essas soluções, especialistas de instituições nacionais ligadas a clima, meio ambiente e agricultura têm propostas voltadas à contenção dos impactos negativos dos cultivos, como controle do desmatamento, adoção de sistemas agroflorestais, incentivo à cultura do plantio direto e melhoramento genético.
O pesquisador Hilton Silveira Pinto, do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri), participou de um grupo de análise das mudanças climáticas e de estudos detalhados sobre áreas de cultivo brasileiras. A cultura mais preocupante, segundo ele, é a soja – e o café seguiria essa tendência. Essa análise foi feita em 2016 e apontou que o primeiro impacto seria sentido já neste ano, como de fato aconteceu.
A safra de café é um exemplo. Em agosto de 2019, a Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé realizou o I Fórum Técnico Café e Clima, que teve os impactos do clima na safra de 2019 e 2020 entre seus temas principais. Seca prolongada, período chuvoso, temperaturas acima da média, geadas e outros fatores climáticos contribuíram com 87% dos problemas que causaram a perda de produtividade na cafeicultura.
Apontado como uma das soluções para evitar que os problemas ambientais prejudiquem a produção agrícola ainda mais, o melhoramento genético é pauta do agronegócio no país inteiro. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), pesquisas em biotecnologia buscam genes que aumentem a tolerância e resultem em plantas mais resistentes às mudanças do clima.
No entanto, se a preservação do meio ambiente não acontecer de forma efetiva e os termômetros subirem mais que os 2°C previstos para a temperatura mundial, será necessário desenvolver uma nova espécie de planta.
A Embrapa também conduz estudos para desenvolver milho resistente às mudanças climáticas e arroz e feijão que suportem deficiência hídrica.
Em relação ao aumento da temperatura, o Acordo de Paris prevê o comprometimento de países em manter o aumento da temperatura média global em bem menos de 2 °C, entre outras ações assumidas pelos países participantes. O Brasil, inclusive, se compromete a reduzir os gases do efeito estufa e restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas, por exemplo.
Sobre o desmatamento, o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Alceu Moreira, diz que a ação ilegal é crime e faz mal para o agronegócio. O parlamentar se reuniu com o Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que definiu que a Embrapa faria uma diferenciação entre o desmatamento legal e o ilegal, para que as iniciativas de combate sejam definidas e iniciadas.
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Fonte: ONU, FAO, Reuters, Embrapa, Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé