Governo Biden está sofrendo críticas de ambientalistas pela aprovação de plano que prevê extração de petróleo no Alasca
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No dia 12 de março, o gabinete do presidente americano Joe Biden aprovou o Projeto Willow, um plano da empresa ConocoPhillips para explorar petróleo em uma das áreas mais intocadas do planeta. O projeto criará cerca de 199 poços de perfuração dentro da Reserva Nacional de Petróleo do Alasca, uma região pública e reservada de cerca de 93 mil hectares nos Estados Unidos.
Além dos problemas óbvios para a biodiversidade e a fauna local, o projeto vem sendo criticado pela quantidade de poluição causada. Estima-se que a queima dos combustíveis fósseis extraídos na empreitada poderiam liberar na atmosfera mais de 280 milhões de toneladas de gases causadores do efeito estufa.
A iniciativa prevê um investimento de US$ 8 bilhões para a abertura de novos poços na encosta norte do Alasca, em área próxima a outros pontos de exploração de petróleo da ConocoPhillips. A companhia estima que, com a nova infraestrutura, conseguirá fornecer 600 milhões de barris de petróleo em um período de 30 anos.
A proposta inicial envolvia perfurações em cinco novos locais, o que implicaria a construção de estradas, pontes, oleodutos e outros pontos de estrutura. Porém, após análise ambiental e diversas críticas, foram permitidas perfurações em apenas três novas áreas, um território 27,5 mil hectares menor do que o proposto no começo.
Segundo a companhia, durante a fase de construção serão criados 2,5 mil empregos; a longo prazo, serão cerca de 300 mil. Isso poderia transformar a economia de toda a área do entorno e ajudar economicamente a população local. Além disso, a ConocoPhillips defende que a empreitada gerará bilhões de dólares em royalties e impostos para os governos local e federal.
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O anúncio da liberação foi uma ducha de água fria para apoiadores do governo Biden e para ambientalistas. A fim de se antecipar às reações negativas, o governo anunciou um dia antes a medida de limitar ou impedir a exploração de petróleo offshore na baía de Beaufort, no Oceano Ártico. O anúncio englobou a proteção de uma área de 64 milhões de hectares, hábitat de muitas espécies de baleias, focas, leões-marinhos, ursos-polares e outros.
Apesar de o projeto ter sido aprovado inicialmente no governo Trump, ficou quase dois anos parado por uma decisão judicial que mandou refazer a análise ambiental. Mesmo tendo batido na tecla da defesa ambiental e do retorno aos acordos internacionais durante a campanha, o governo Biden não resistiu à pressão judicial e econômica e aprovou o plano.
Uma das principais formas de protesto contra o projeto tem sido as manifestações digitais. As redes sociais foram inundadas por mensagens de ativistas, e uma petição contra a iniciativa já tem mais de 3 milhões de assinaturas. Além disso, políticos e membros da sociedade civil entraram com ações contra o Willow, alegando o descumprimento de regras ambientais consolidadas.
A crise gerada pelo Projeto Willow mostra um gargalo do desenvolvimento econômico global. Enquanto o mundo entende a necessidade de frear o uso dos combustíveis fósseis para garantir o futuro do planeta, a economia vive momentos de estagnação e ainda é fortemente dependente de petróleo, gás e carvão.
Representantes do Departamento do Interior afirmaram que a quantidade de gases emitidos durante os 30 anos de vigência do projeto corresponde à inclusão de 1,7 milhão de automóveis por ano na frota americana. A área onde os novos poços serão perfurados é próxima a regiões que sofrem com derretimento do gelo, erosão costeira e até incêndios florestais. O projeto cria focos de poluição no coração de um dos locais mais afetados pelo aquecimento global no planeta.
Fonte: Euronews, Reuters, DW, NY Times, Away