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A Amazônia teve um desmatamento de 941,3 km² de janeiro a março de 2022, de acordo com dados de monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe). A área de floresta perdida representa 64% de aumento em relação ao mesmo trimestre do ano passado e é o pior resultado da série histórica do órgão, iniciada em 2016.
Todos os meses tiveram uma taxa de desmatamento maior que a média. Em janeiro, foram 430,44 km² devastados, área 165% superior à média de 162 km² observada entre 2016 e 2021. Em fevereiro, o desmate foi de 199 km², 47% maior que a média de 135 km² para o mês. Já em março, foram 312,2 km² suprimidos frente a média 279,3 km², uma alta de 11,8%.
O avanço da devastação vai contra o compromisso assumido pelo Brasil para a gases do efeito estufa (GEE) lançados na atmosfera junto a Organização das Nações Unidas (ONU). Até 2025, o País se comprometeu a reduzir as emissões em 37% em comparação a 2005. Em 2030, a meta é de um corte de 50% dos GEEs.
Como o agronegócio pode reduzir os efeitos do desmatamento?
As atividades agrícolas são altamente dependentes do clima. As alterações climáticas provocadas pelo aquecimento global podem comprometer o agronegócio brasileiro, alerta o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
O cerrado brasileiro, que abriga a maior parte da produção do País, pode registrar um aumento de temperatura em até 5,5°C e observar uma diminuição das chuvas em até 30% até 2100, o que torna o inviável o cultivo de soja, milho e outras culturas na região central brasileira.
Os produtores agropecuários não estão insensíveis a essa realidade. Uma série de medidas estão sendo tomadas para diminuir os efeitos do desmatamento. As ações estão concentradas no Plano Setorial de Adaptação e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária (ABC+), que prevê técnicas para produzir com sustentabilidade.
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Recuperação de pastagens degradadas
O Brasil possui entre 80 milhões e 100 milhões de hectares de pastagens degradadas, segundo o Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig) da Universidade Federal de Goiás (UFG). Nessas áreas, há uma queda de produtividade da forragem, que não consegue mais suprir as necessidades nutricionais do rebanho.
Entre 2010 e 2018, foram recuperados 26,8 milhões de hectares de pastagens degradadas, mas o potencial ainda é maior. A regeneração de outros 12 milhões de hectares tem a capacidade de aumentar o rebanho bovino em 17,7 milhões de cabeças de gado, aponta um estudo realizado pela WRI Brasil e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
A integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) é uma estratégia que integra diversos componentes do sistema produtivo para elevar os padrões de qualidade dos produtos agropecuários, com qualidade ambiental e competitividade. Para tanto, são adotadas técnicas de manejo de solo, manejo de produção e consórcio de atividades.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desenvolve pesquisas com esse sistema desde a década de 1980 e oferece um amplo portfólio de projetos para implantação da solução nas propriedades rurais. Existe, inclusive, uma rede formada por entidades públicas e privadas para expandir a adoção dessas ferramentas.
Sistemas agroflorestais
Árvores nativas ou exóticas podem ser cultivadas em consórcio com culturas agrícolas com benefícios mútuos a partir da interação entre as espécies. Os sistemas agroflorestais (SAFs) geram oportunidades econômicas para agricultores familiares, produtores rurais, comunidades e empresas.
Para que o sistema funcione, é necessário seguir uma lógica de produção, considerando elementos, como solo, clima, mercado, arranjos produtivos, legislação, buscando alcançar a combinação mais adequada entre as espécies.
Fonte: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), WRI Brasil.