Como as mudanças climáticas impactam o agronegócio?

17 de agosto de 2021 4 mins. de leitura
Mudanças climáticas provocam eventos extremos como as geadas no Brasil, as chuvas torrenciais na Europa e o calor no Canadá

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As mudanças climáticas têm provocado eventos cada vez mais extremos em todo o mundo. No Brasil, uma sequência de frentes frias provocou neve e geadas, causando prejuízo ao agronegócio do Rio Grande do Sul até Minas Gerais. Enquanto isso, chuvas torrenciais inundaram cidades na Europa e na China e um calor recorde de quase 50°C atingiu o Canadá.

Todos os incidentes estão relacionados ao aquecimento global. Desde o início da era industrial, a temperatura média da Terra já subiu aproximadamente 1,2°C. O clima mais quente está provocando alterações no equilíbrio de todo o planeta, que incluem derretimento de geleiras, ondas de calor e outros incidentes que colocam em risco o meio ambiente e a agricultura.

Os eventos extremos geram uma preocupação entre os agricultores, pois a imprevisibilidade de temperatura e chuvas afeta todas as culturas. Os fenômenos climáticos estão cada vez mais dinâmicos e mais difíceis de serem previstos com antecedência, mesmo com equipamentos sofisticados e novos modelos meteorológicos.

Mudanças climáticas

Estiagens mais longas e chuvas torrenciais são efeitos das mudanças climáticas. (Fonte: Shutterstock/Piyaset/Reprodução)
Estiagens mais longas e chuvas torrenciais são efeitos das mudanças climáticas. (Fonte: Shutterstock/Piyaset/Reprodução)

O sistema de correntes no Atlântico, que transporta água quente dos trópicos para o Hemisfério Norte e água fria para o sul no fundo do oceano, está próximo do colapso por conta da elevação de gás carbônico na atmosfera. Especialistas apontam que isso pode provocar temperaturas mais extremas no continente europeu, dificultando as atividades agrícolas.

O aquecimento global também está acelerando a velocidade da circulação de massas de ar entre o sul do Brasil e a Antártida. Conforme a temperatura se eleva no inverno brasileiro por conta de alterações no clima, o ar quente entra no continente gelado com mais facilidade, abrindo caminho também para as frentes frias subirem até o sul da Amazônia.

Dessa forma, durante os meses de junho a agosto de 2021, as regiões Sul, Sudeste e boa parte do Centro-Oeste têm experimentado dias de muito calor, seguidos de períodos de extremo frio, causando prejuízos incalculáveis para o agronegócio.

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Amazônia se tornou grande emissora de gases de efeito estufa por conta das queimadas. (Fonte: Shutterstock/Pedarilhosbr/Reprodução)
Amazônia se tornou grande emissora de gases de efeito estufa por conta das queimadas. (Fonte: Shutterstock/Pedarilhosbr/Reprodução)

O desmatamento descontrolado na Amazônia está afetando a capacidade da floresta de sequestrar carbono da atmosfera e ajudar a equilibrar o clima global. As emissões de gases de efeito estufa provocadas pelas intensas queimadas está transformando o bioma em uma grande contribuinte para o aquecimento global, aponta um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe) e publicado recentemente na revista Nature.

A concentração de carbono na Amazônia foi investigada em regiões com diferentes taxas de desmatamento, entre os anos de 2010 e 2018. Os pesquisadores descobriram que as áreas da Amazônia com mais de 30% de desmatamento apresentaram uma emissão de carbono dez vezes maior do que regiões com desmatamento inferior a 20%.

No período analisado, a floresta emitiu cerca de um bilhão de tonelada de CO2 devido às queimadas, no entanto, conseguiu absorver apenas 18% dessas emissões. Assim, a Amazônia lançou 290 milhões de toneladas de carbono na atmosfera para além do que consegue absorver.

Segundo os pesquisadores, o desmatamento leva ao aumento da temperatura e reduz a evapotranspiração. Com isso, ocorre a redução de chuvas, “o que aumenta a vulnerabilidade ao fogo, promovendo mais degradação”, acrescentam os especialistas.

Isso tem um impacto em todo o Brasil, em especial no Centro-Oeste, Sul e Sudeste (as principais regiões produtoras do País). O nordeste da Amazônia recebe 2,2 mil mm de chuva por ano do Atlântico. Após a evapotranspiração das árvores, parte desse volume é redirecionado para as outras regiões brasileiras.

Fonte: Instituto Potsdam, Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe).

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