Unindo árvores, pastagem e gado, o sistema traz qualidade de vida e melhoria na produtividade
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Produtividade unida a sustentabilidade. É com esse objetivo que o agronegócio caminha para construir novos modelos de negócio que pensem no bem-estar econômico dos pecuaristas e na saúde da natureza. Com foco no tripé da sustentabilidade (ambiental, econômico e social), o Sistema Silvipastoril (SSP) surgiu como uma alternativa para que a criação de gado pudesse ter sua produtividade aumentada junto de um crescimento na preocupação com a qualidade de vida dos animais.
O SSP consiste em unir, em um mesmo ambiente, gado, pastagem e árvores. O sucesso da ação passa principalmente pelo acréscimo de árvores forrageiras na natureza. Em primeiro lugar, elas melhoram consideravelmente a fertilidade do solo, ao passo que extraem água e nutrientes de camadas mais profundas. Além disso, a umidade das copas das árvores e os materiais que seus ramos derrubam no chão fazem com que ocorra um processo de decomposição que aumenta os nutrientes do terreno para que, no futuro, a produção de recursos seja intensificada.
E os benefícios não param por aí. As árvores também apresentam uma característica fundamental para que o gado que percorre o terreno possa viver com maior conforto: a sombra. As áreas de sombreamento servem como um alívio térmico para a temperatura corporal dos animais. O bem-estar dos bois e das vacas é refletido no aumento de produção e na qualidade tanto de leite quanto de carne.
Por fim, a introdução de espécies forrageiras contribui para uma diversificação da renda de quem trabalha com agropecuária. As espécies arbóreas podem ter caráter frutífero, madeirável ou outro propósito, possibilitando que os fazendeiros tenham mais de uma opção comerciável no mesmo ambiente de criação.
Apesar de ser um sistema benéfico para a ecologia e para a economia local, o SSP requer uma atenção muito grande, por isso não é visto com tanta frequência. Ao contrário dos sistemas tradicionais de criação de gado, ele carece de um planejamento prévio, além de treinamento e capacitação dos profissionais que irão trabalhar. Para que haja um constante progresso da produtividade, devem ser frequentes a manutenção e o monitoramento das espécies arbóreas, do manejo do pasto e do desempenho dos animais.
E esse é um sistema extremamente tecnológico que necessita que cada detalhe seja planejado com atenção. Por exemplo, deve-se considerar qual espécie arbórea é a mais adequada para o ambiente e qual é o melhor posicionamento das mudas no terreno. A sombra das árvores tem efeito reverso se em excesso, pois pode diminuir a quantidade de plantas no terreno e prejudicar a estrutura do pasto.
Outro fator que também afeta a implementação do SSP no Brasil é o Novo Código Florestal (Lei n. 12.651, de 25 de maio de 2012). A produção agropecuária deve ser reservada para Áreas de Uso Alternativo do Solo (AUA), portanto não é possível introduzir um sistema de produção em Áreas de Preservação Permanente (APPs) e de Reserva Legal (RL) que ocupam parte do território nacional.
O SSP também é um método eficiente para a purificação do ar em criações de gado. Ao introduzir uma população arbórea maior nos centros pecuários, o sistema se transforma em grande aliado no combate à emissão do gás metano, que causa desequilíbrio no efeito estufa e prejudica a camada de ozônio, uma vez que as árvores funcionam como neutralizadoras desses gases.
Economicamente falando, o SSP gera real aumento de valor na criação. No mercado pecuário, existe uma atenção especial para a análise dos sistemas no quais os animais estão sendo criados, e um ambiente controlado e de alto desempenho como no SSP faz com que o produto receba valorização nos mercados nacional e internacional.
Fontes: Embrapa