Os prejuízos da Sars na economia agropecuária dos anos 2000

6 de abril de 2020 5 mins. de leitura
Sars matou 774 pessoas em cerca de dois anos, contaminando mais de oito mil pessoas ao redor do mundo

A Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars) é uma doença que pode ser comparada a uma pneumonia mais grave. Surgida na China no começo dos anos 2000, a doença é facilmente transmitida de uma pessoa para outra; os sintomas incluem desde febre e dor de cabeça até um mal-estar generalizado.

A Sars (Sars-CoV-2) é membro da mesma família viral do novo Coronavírus (causador da Covid-19), que vem atingindo o mundo de forma exponencial. Enquanto a epidemia demorou cerca de três meses para se alastrar fora da China, esse novo vírus realizou esse mesmo feito com menos de 30 dias. Inclusive, segundo a Comissão Nacional de Saúde da China, o novo vírus superou o número de mortes causados pela Sars e continua se espalhando por todo o globo.

Existem diversos coronavírus, e cerca de sete podem atingir os seres humanos. Destes, apenas quatro causam sintomas parecidos com um resfriado comum. Esses vírus foram descobertos inicialmente em aves domésticas durante a década de 1930. Assim como o novo coronavírus, por meio de estudos publicados por pesquisadores em outubro de 2005, foi provado que a Sars estava ligada diretamente ao comércio de animais selvagens, como morcegos.

Fonte: Unsplash
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Mudanças ao longo do tempo

Diante desse fato, em 2018 a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) promoveu uma capacitação para cerca de 4,7 mil veterinários com o objetivo de ajudar no combate de surtos infecciosos oriundos de animais; protegendo também, com essa medida, a agropecuária. Segundo a FAO, além das consequências para a saúde humana, essas doenças trazem um prejuízo enorme para a economia. Nesse prisma, vale ressaltar também que existem muitas famílias nas zonas rurais cuja principal atividade é a criação de animais, impactando diretamente sua renda.

Porém, as circunstâncias são diferentes depois de quase duas décadas. Um dos pontos de divergência é a economia chinesa, segundo o coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China da FGV Direito Rio, Evandro Menezes de Carvalho. “Quando ocorreu a epidemia da Sars, entre 2002 e 2003, o PIB chinês representava 4,4% do PIB mundial. Hoje, representa 15%. É a segunda maior economia do mundo, mais pessoas foram para a classe média, e o fluxo de chineses no exterior é impressionante”, ressaltou em entrevista ao Estadão.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Sars-CoV-2 atingiu cerca de 30 países ao longo de seis meses de contaminação, sendo que China, Canadá, Malásia, Filipinas, Singapura, Tailândia e Vietnã foram os que mais registraram mortes pela doença. No Brasil, apenas um caso chegou a ser confirmado em uma menina de quatro anos.

Impacto da Sars na economia brasileira

A Síndrome Respiratória Aguda Grave ainda trouxe algumas consequências ao mercado brasileiro de exportações, influenciando inclusive a cotação do couro bovino. O mercado sofreu com a baixa nos preços do couro in natura nessa época, sobretudo por conta de um enfraquecimento na demanda asiática, que vivia certa estagnação devido à Sars.

O novo coronavírus, contudo, pode desenhar um cenário ainda pior. Conforme Tim Hunt, atual chefe de pesquisa em alimentos e agronegócios do Rabobank na Austrália, em entrevista ao Estadão Conteúdo, com o avanço da doença, os mercados agrícolas podem ser prejudicados ainda mais que o Sars em 2003, sobretudo por conta da China ser uma das maiores consumidoras de produtos no mundo.

Nesse sentido, as bolsas internacionais já estão fechando com grandes quedas. A preocupação em relação ao mercado agropecuário brasileiro é que, com a desaceleração da economia chinesa, algumas exportações sejam revistas. Segundo Bartolomeu Braz, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), o mercado poderá ser afetado a longo prazo, já que as negociações são feitas com grande antecedência, e sem medidas de controle para a pandemia a demanda será certamente afetada.

(Fonte: Unsplash)
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Cuidados redobrados

Mesmo com a crise da Sars e também da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers), que matou cerca de 850 pessoas a partir de 2012, o mundo parece não ter investido em nenhum método combativo eficiente desde então. Alguns pesquisadores, como Jason Schwartz, da Escola de Saúde Pública da Universidade de Yale para a AFP, afirmam que esperam que a epidemia do novo coronavírus funcione como um “último sinal de alerta”, a fim das autoridades se prepararem para eventuais epidemias futuras.

Nesse período de surtos envolvendo saúde coletiva, é importante sempre tomar alguns cuidados específicos como lavar bem as mãos, usar máscaras de proteção caso seja infectado, evitar aglomerações e dividir utensílios com outras pessoas, além de não tocar a boca, o nariz e os olhos com as mãos sujas. Estar atento às recomendações da OMS e ter um álcool em gel a postos também pode ser útil.

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Fontes: Estadão, ONU News, OMS, ADS Harvard

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