Utilizadas durante décadas, as plantas medicinais podem trazer diversos benefícios para a população
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Usar plantas medicinais como alternativa para tratar problemas de saúde e curar doenças é comum há muitos séculos. Apesar do seu surgimento não ter uma data específica, sabe-se que já existiam registros da utilização das plantas medicinais pelo Império Chinês cerca de 3.700 anos antes de Cristo.
Diferentes culturas adotaram a alternativa, incluindo os egípcios, que utilizavam as ervas tanto para criar medicamentos quanto para embalsamar os corpos na mumificação. Durante a Idade Média, padres plantavam ervas medicinais ao redor das igrejas para auxiliar no tratamento dos enfermos.
No Brasil, as plantas medicinais são uma das nossas maiores heranças culturais indígenas. Saber diferenciar plantas com poder curativo de venenosas, criar pastas e infusões, dosar quantidades e saber como aplicá-las são conhecimentos que começaram com os índios e foram repassados entre as gerações.
Hoje, é um hábito comum tomar uma xícara de chá para aliviar algum sintoma físico, como chá de erva-doce para melhorar a digestão e chá de poejo ou de limão para curar a gripe. A variedade de infusões ainda traz opções que podem proporcionar mais energia ou que atuam como indutoras do sono e ansiolíticas.
Além disso, muitas pessoas usam unguentos e outras soluções feitas de plantas naturais para tratar picadas de insetos, dores localizadas e até mesmo feridas e cicatrizes. E os seus benefícios não param por aí. O cultivo e a preservação dessa tradição também têm sido extremamente positivos e rentáveis para os agricultores familiares.
No interior do Estado do Paraná, no município de Turvo, a Cooperativa de Produtos Agroecológicos, Artesanais e Florestais (Coopaflora) aproveita essa opção da melhor forma possível: com apoio governamental. A assistência permite que sejam oferecidos produtos in natura ou na forma de chás e temperos com a garantia de serem sustentáveis e saudáveis.
Esse é só um exemplo das diversas iniciativas da agricultura brasileira para continuar com a tradição das plantas medicinais. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento vem desenvolvendo ações de incentivo ao cultivo e comércio dessas plantas, além de oferecer capacitação para quem busca aprender a cultivar, processar e comercializar os produtos da forma correta.
Existe, por exemplo, um programa de apoio à assistência técnica e extensão rural para a produção de plantas medicinais orgânicas voltado para agricultores familiares. Do mesmo modo, há projetos para organizar grupos de comercialização para pequenos agricultores, estabelecendo valores justos e auxiliando no processo de venda para garantir que mais famílias possam viver do cultivo.
Os governos estaduais e municipais também têm trabalhado para inserir a agricultura familiar na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares para que, assim, plantas medicinais e fitoterápicas sejam acessíveis para os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).
A maior parte desses projetos navega por três vertentes: adequação de tecnologias para pequenos produtores continuarem seus cultivos; apoio à capacitação da agricultura familiar para aprender a cultivar e comercializar plantas medicinais; e criação de eventos e programas para vender os produtos.
Além disso, grupos de pesquisa vêm se dedicando a essa área para descobrir novas plantas com capacidade curativa e as suas opções de uso. As perspectivas são boas: de acordo com Fabiana Ruas, bióloga e coordenadora do projeto de plantas medicinais do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), o mercado de fitoterápicos cresceu 42% no últimos 10 anos, e hoje o setor movimenta aproximadamente R$ 1 bilhão por ano.
As plantas medicinais vêm sendo utilizadas de diversas formas pela indústria, abrindo ainda mais caminhos para o agricultor: óleos para massagens, produtos de higiene pessoal e cosméticos são alguns dos exemplos que fogem ao seu uso comum. Dessa forma, a agricultura familiar conquista mais uma fonte de renda, cultivo e venda relativamente fáceis; e a população ganha mais saúde, conforto e sabor no dia a dia.
Fonte: Fundação Joaquim Nabuco, Ministério da Agricultura, Governo do Estado do Espírito Santo.