Plantas medicinais: a tradição da agricultura como remédio

22 de novembro de 2019 4 mins. de leitura
Utilizadas durante décadas, as plantas medicinais podem trazer diversos benefícios para a população

Usar plantas medicinais como alternativa para tratar problemas de saúde e curar doenças é comum há muitos séculos. Apesar do seu surgimento não ter uma data específica, sabe-se que já existiam registros da utilização das plantas medicinais pelo Império Chinês cerca de 3.700 anos antes de Cristo.

Diferentes culturas adotaram a alternativa, incluindo os egípcios, que utilizavam as ervas tanto para criar medicamentos quanto para embalsamar os corpos na mumificação. Durante a Idade Média, padres plantavam ervas medicinais ao redor das igrejas para auxiliar no tratamento dos enfermos.

Tradição brasileira: um resgate cultural

No Brasil, as plantas medicinais são uma das nossas maiores heranças culturais indígenas. Saber diferenciar plantas com poder curativo de venenosas, criar pastas e infusões, dosar quantidades e saber como aplicá-las são conhecimentos que começaram com os índios e foram repassados entre as gerações.

Hoje, é um hábito comum tomar uma xícara de chá para aliviar algum sintoma físico, como chá de erva-doce para melhorar a digestão e chá de poejo ou de limão para curar a gripe. A variedade de infusões ainda traz opções que podem proporcionar mais energia ou que atuam como indutoras do sono e ansiolíticas.

Além disso, muitas pessoas usam unguentos e outras soluções feitas de plantas naturais para tratar picadas de insetos, dores localizadas e até mesmo feridas e cicatrizes. E os seus benefícios não param por aí. O cultivo e a preservação dessa tradição também têm sido extremamente positivos e rentáveis para os agricultores familiares.

(Fonte: Pixabay)

Plantas medicinais na agricultura: oportunidades de uma tradição

No interior do Estado do Paraná, no município de Turvo, a Cooperativa de Produtos Agroecológicos, Artesanais e Florestais (Coopaflora) aproveita essa opção da melhor forma possível: com apoio governamental. A assistência permite que sejam oferecidos produtos in natura ou na forma de chás e temperos com a garantia de serem sustentáveis e saudáveis.

Esse é só um exemplo das diversas iniciativas da agricultura brasileira para continuar com a tradição das plantas medicinais. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento vem desenvolvendo ações de incentivo ao cultivo e comércio dessas plantas, além de oferecer capacitação para quem busca aprender a cultivar, processar e comercializar os produtos da forma correta.

Existe, por exemplo, um programa de apoio à assistência técnica e extensão rural para a produção de plantas medicinais orgânicas voltado para agricultores familiares. Do mesmo modo, há projetos para organizar grupos de comercialização para pequenos agricultores, estabelecendo valores justos e auxiliando no processo de venda para garantir que mais famílias possam viver do cultivo.

(Fonte: Pixabay)

Incentivo à produção

Os governos estaduais e municipais também têm trabalhado para inserir a agricultura familiar na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares para que, assim, plantas medicinais e fitoterápicas sejam acessíveis para os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).

A maior parte desses projetos navega por três vertentes: adequação de tecnologias para pequenos produtores continuarem seus cultivos; apoio à capacitação da agricultura familiar para aprender a cultivar e comercializar plantas medicinais; e criação de eventos e programas para vender os produtos.

Além disso, grupos de pesquisa vêm se dedicando a essa área para descobrir novas plantas com capacidade curativa e as suas opções de uso. As perspectivas são boas: de acordo com Fabiana Ruas, bióloga e coordenadora do projeto de plantas medicinais do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), o mercado de fitoterápicos cresceu 42% no últimos 10 anos, e hoje o setor movimenta aproximadamente R$ 1 bilhão por ano.

As plantas medicinais vêm sendo utilizadas de diversas formas pela indústria, abrindo ainda mais caminhos para o agricultor: óleos para massagens, produtos de higiene pessoal e cosméticos são alguns dos exemplos que fogem ao seu uso comum. Dessa forma, a agricultura familiar conquista mais uma fonte de renda, cultivo e venda relativamente fáceis; e a população ganha mais saúde, conforto e sabor no dia a dia.

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Fonte: Fundação Joaquim Nabuco, Ministério da Agricultura, Governo do Estado do Espírito Santo.

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