Febre aftosa: entenda a gravidade da doença e a importância da vacinação

3 de abril de 2020 4 mins. de leitura
Brasil é considerado livre da febre aftosa, mas mantém a vacinação por precaução

A febre aftosa é uma doença causada por vírus e ataca animais de cascos fendidos, como vacas, touros, bois, porcos, ovelhas, cabras e veados. Vários países conseguiram erradicá-la, mas a enfermidade continua sendo um problema em diversas regiões, e até mesmo lugares seguros podem apresentar surtos ocasionais. No Reino Unido, em 2001, mais de 6,5 milhões de animais foram abatidos, gerando um prejuízo bilionário aos criadores.

A infecção é grave, extremamente contagiosa e causada por sete tipos de vírus (A, O, C, SAT1, SAT2, SAT3 e Ásia1) que apresentam subtipos. Como a imunização contra um deles não impede que o animal possa se contaminar com outro, são importantes a vacinação constante e o acompanhamento veterinário. Por se tratar de um vírus perigoso, é preciso informar à Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) caso algum espécime seja detectado com a doença.

O vírus sobrevive nos linfonodos e na medula óssea, onde o pH é neutro, sendo destruído apenas nos músculos, quando atinge um pH menor do que seis — algo que só acontece quando o animal morre. Os vírus podem resistir em alguns tipos de ambiente por até um mês, dependendo das condições do local e do pH, expondo o rebanho a riscos durante todo esse tempo. Os humanos não são infectados pela doença nem pelo consumo de leite ou seus derivados infectados; ainda assim, podem transportar os vírus em roupas, nas mãos e botas e contaminar outros rebanhos.

(Fonte: Carol Garcia/Fotos Públicas)

Sinais da febre aftosa

Os primeiros sinais costumam aparecer entre 24 horas a dez dias da exposição à doença. Em bovinos, causa febres de até 42°C , anorexia e perda de apetite. Nos animais leiteiros, a produção pode diminuir por dois dias ou três dias, pois a disposição dos animais é afetada, então eles tendem a ficar parados e, consequentemente, enfraquecidos.

Um dos sintomas mais comuns é o surgimento de vesículas na boca, nas narinas, entre as garras e nas glândulas mamárias. Isso pode acarretar comportamentos típicos, como o bater frequente das patas, a salivação excessiva, o bruxismo é uma dor semelhante a câimbra. As bolhas costumam estourar após 24 horas, levando a uma série de outras complicações, como perda permanente de peso, abortamento, deformações no casco, infecções severas nas feridas, erosões na língua, mastite e comprometimento permanente da produção de leite.

Tratamento

Não existe um tratamento específico para a doença, e o animal se recupera em 8 dias a 15 dias. Alguns veterinários optam por tratar as complicações causadas pelas vesículas, para impedir que as infecções comprometam ainda mais o animal. Porém, apesar de a mortalidade pela febre aftosa não ser tão alta, a doença impacta gravemente a produção de leite, então muitos criadores preferem abater os animais doentes.

Bois mais jovens são os mais prejudicados pelos sintomas. Porcos tendem a permanecer com graves lesões nas patas pelo resto da vida. Já nos ovinos e nos caprinos, as sequelas são menos severas e muitas vezes podem passar despercebidas.

(Fonte: Sidney Oliveira/Fotos Públicas)

Importância da vacinação

O Brasil é um grande exportador mundial de carnes, por isso é extremamente importante para a economia do País que os rebanhos permaneçam saudáveis; assim, diversas campanhas nacionais alertam para a necessidade de vacinar os animais. Atualmente, estima-se que existam 220 milhões de bovinos e búfalos em território brasileiro, que é considerado livre da doença há 13 anos — porém, só mantém esse status por conta da imunização constante.

Futuramente, a expectativa é que a vacinação seja abandonada, mas isso só vai acontecer quando o Brasil se tornar livre da doença mesmo sem a prevenção, algo que já é realidade no Estado de Santa Catarina há 20 anos. Para que esse objetivo seja alcançado, será necessário um controle muito maior para evitar o contato dos animais com rebanhos externos, principalmente em regiões de fronteira.

Fonte: Nadis, Organização Mundial da Saúde Animal

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