Doença de Newcastle: enfermidade que afeta aves na Rússia - Summit Agro

Doença de Newcastle: enfermidade que afeta aves na Rússia

4 de fevereiro de 2020 4 mins. de leitura

Com grande taxa de mortalidade, patogenia preocupa o controle aviário russo

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Da família Paramyxoviridae, a doença de Newcastle tem preocupado o controle aviário mundial. Causadora de sintomas como problemas respiratórios, nervosos e digestivos, essa patogenia pode ser transmitida pela respiração das aves, nas fezes, nos ovos e nos restos mortais de animais contaminados, o que a torna uma doença altamente contagiosa. Os sinais de contágio podem ser apresentados em diversas camadas de seriedade: desde leves problemas respiratórios, como tosse, espirro e estertoses, até graves danos ao sistema nervoso, como paralisia total.

Na Rússia, a doença de Newcastle causou um grande impacto na comunidade aviária da aldeia de Kislino, na cidade de Kursk. Em novembro de 2019, 279 das 318 aves identificadas com suscetibilidadesuscetividade ao vírus acabaram morrendo. O grande número de mortalidade fez com que os laboratórios de veterinária de Kurskaya e o Instituto Federal de Pesquisa para Saúde Animal realizassem testes de Proteína C Reativa (PCR) e sequenciamento viral nas aves. Segundo o informe da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), os resultados apontaram uma mudança da doença para o genótipo VII, diferente do genótipo VI, responsável por criar a última crise aviária, em 2013.

A doença de Newcastle integra a lista da OIE de doenças infecciosas de notificação obrigatória. Um dos grandes motivos para isso é justamente o impacto socioeconômico que ela pode causar no mercado de importações de produtos derivados das aves. Por ter potencial de causar alto índice de mortalidade, que depende de qual tipo de patogenicidade é encontrada no animal, a identificação de um surto do vírus precisa acontecer o mais rápido possível para evitar o início de um controle rigoroso no comércio.

Segundo o Ministério da Agricultura de Moscou, houve necessidade de intervenção no mercado interno aviário russo após os diversos óbitos. Medidas de restrição na movimentação de aves no interior do país foram adotadas, assim como ações de quarentena, eliminação de restos de aves, subprodutos e dejetos. Um agravante para a contaminação pela doença de Newcastle é quando ela se manifesta em sua forma mesogênica; ou seja, em sua reação menos severa, os sintomas são menos aparentes aos olhos dos produtores e podem gerar maior índice de contaminação para as demais aves. Isso faz com que qualquer suspeita levantada deva ser levada para análises de laboratório.

Contaminação em humanos

Person Feeding White Chicken Outdoor
(Fonte: Pixabay)

A doença de Newcastle pode acometer os seres humanos, principalmente aqueles que estão em contato direto com o grupo aviário afetado pela doença, constituído por galinhas e perus; portanto, funcionários de frigoríficos aviários têm que tomar muito cuidado no contato com conteúdo possivelmente infectado pela patogenia. Além disso, laboratoristas e vacinadores, que manipulam a vacina feita com o vírus vivo da doença, devem ter o máximo de zelo na hora da aplicação e usar máscara protetiva para evitar contato com o vírus.

O quadro clínico da doença se constitui basicamente em conjuntivite com hiperemia, lacrimejamento, edema nas pálpebras e hemorragia. O paciente identificado com a doença de Newcastle deve permanecer incubado por 24 horas para evitar a contaminação de outras pessoas. Em geral, a doença tende a não ser fatal em seres humanos, e, apesar de causar efeitos graves na região ocular, não existem registros de que o vírus afete a córnea humana.

Histórico da doença

(Fonte: Pixabay)

Os primeiros surtos registrados da doença ocorreram em 1926, em Java (Indonésia) e em Newcastle (Inglaterra). A cidade inglesa acabou dando o nome à doença aviária; alguns pesquisadores, porém, acreditam na possibilidade de surtos anteriores já terem acontecido em regiões da Europa Central, Coreia e ilhas ao redor da Escócia.

Mesmo sendo uma doença com controle rigoroso exercido pela OIE e diversas medidas de vigilância sanitária e controle aviário adotados pelo mundo, atingiu diversos países em épocas diferentes. Em 2006, mais de 10 países sofreram com casos do vírus, entre eles Brasil, Itália e Reino Unido. Desde então, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) realiza um controle muito mais rigoroso na avicultura brasileira, incluindo a elaboração de materiais de apoio para uso em diagnósticos nos laboratórios.

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Fontes: Ministério da Agricultura, Embrapa.

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