A epidemia de coronavírus e seu impacto na exportação de grãos

12 de março de 2020 4 mins. de leitura
Como o coronavírus pode afetar a relação comercial entre Brasil e China, a maior compradora de grãos brasileiros
A epidemia de coronavírus já matou mais de três mil pessoas na China e tem casos confirmados em praticamente todo o mundo.  Esse cenário traz preocupação tanto para a saúde pública quanto para os setores da economia. Afinal, o avanço da doença afeta as bolsas internacionais, que em queda fazem o valor do dólar disparar e o preço das commodities cair no mercado internacional. Uma possível diminuição da demanda do mercado chinês poderia tornar 2020 mais difícil para o setor de exportação brasileiro. O gigante asiático é um dos grandes importadores de grãos do Brasil, e ainda não se sabe ao certo o real efeito do surto de coronavírus na economia. O governo brasileiro está monitorando com atenção o desenvolvimento desse quadro epidêmico, mas afirma que, até o momento, não houve prejuízo para os exportadores. O subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior, Herlon Brandão, afirmou que a queda de 20,2% nas exportações em janeiro deste ano em relação ao mesmo período do ano passado não está relacionada ao surto do vírus. De acordo com o subsecretário, o recuo é explicado pela alta base de comparação, elevada pela exportação de uma plataforma de petróleo e por vendas recordes de celulose no início de 2019. Em evento no Rio de Janeiro na última semana, o secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Marcos Troyjo, acrescentou que o contexto global é desafiador. Além da questão do coronavírus, a economia mundial ainda está assimilando as consequências da guerra comercial entre Estados Unidos e China — que, segundo ele, configura um cenário potencialmente favorável ao Brasil em um possível deslocamento mundial de demandas agrícolas. “Em alguns momentos, a incerteza externa é uma oportunidade para o Brasil, como é o caso da soja”, afirma.

Coronavírus e a exportação de soja

(Fonte: Pixabay)
No mercado de grãos, a soja ganha amplo destaque. O Brasil é o maior exportador mundial do grão, responsável por 56% de toda a soja negociada no mundo em 2018, de acordo com dados da Organização Mundial do Comércio (OMC), movimentando US$ 60 bilhões naquele ano. Já a China é o maior comprador de soja brasileira, que representa 85% das 94 milhões de toneladas importadas pelo país em 2018. Dessa forma, a grande preocupação para o agronegócio brasileiro é que o coronavírus desacelere a economia chinesa e leve o país a revisar seus contratos de importação. O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Bartolomeu Braz, enxerga que, em curto prazo, o mercado dessa commodity não será afetado, uma vez que os contratos de venda são firmados com antecedência de seis a oito meses. Isso significa que boa parte das negociações já foram feitas e um grande volume da safra para exportação já está vendido. Entretanto, ele concorda que a demanda pode ser afetada se a epidemia de coronavírus começar a avançar descontroladamente. A previsão é de que, mesmo que essa questão de saúde pública venha a se agravar, a China continue a importar a soja brasileira, ainda que haja uma diminuição do volume total demandado. E avalia-se que esse possível recuo não seja muito significativo para a exportação de grãos caso venha a acontecer. Tudo depende da gravidade da infestação daqui para frente. Assim, o mundo observa atento e preocupado os desdobramentos da epidemia de coronavírus, uma vez que, além de ser um risco real para a vida das pessoas, um surto em grande escala pode acarretar grandes impactos econômicos em nível global. Se interessou pelo assunto? Aprenda mais com especialistas da área no Summit Agro. Enquanto isso, acompanhe as notícias mais relevantes do setor pelo blog. Para saber mais, é só clicar aqui. Fonte: Estadão Saúde; SNA

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