Biofortificação: superalimentos contra a fome e a desnutrição

30 de setembro de 2019 4 mins. de leitura
Alimentos biofortificados podem ser a solução para os déficits nutricionais.

Com a demanda de alimentos cada vez maior, os agricultores têm se esforçado para produzir com maior eficácia e rapidez, garantindo que mais comida esteja disponível para as pessoas. Contudo, não basta apenas ter acesso à comida, e sim que ela seja diversificada e tenha boa qualidade nutricional. É buscando esse potencial nutritivo que os alimentos biofortificados vêm ganhando espaço.

O que é a biofortificação?

Biofortificação é uma técnica aplicada a alguns alimentos com o intuito de deixá-los com mais nutrientes além daqueles que naturalmente já possuem, de forma a enriquecê-los com micronutrientes que não estão presentes na alimentação da população ou se apresentam de maneira deficitária. Assim sendo, geralmente a aplicação é destinada a alimentos de fácil acesso e que estão com frequência no prato das pessoas, como arroz, feijão e batata.

Quanto ao método, a biofortificação pode ser genética ou agronômica. Na primeira opção é realizado um processo de aprimoramento genético em laboratório por cientistas capacitados para essa manipulação. O enriquecimento deriva do cruzamento de diversas espécies de plantas com alta capacidade de produzir nutrientes e acumulá-los.

Já na segunda tática, a inserção de nutrientes é feita pela adubação, que pode ser tanto no solo quanto na planta. A boa notícia é que, para um melhor desenvolvimento, pode-se usar ambas as técnicas, aumentando a probabilidade de crescimento de alimentos mais nutritivos.

Impacto contra doenças, desnutrição e fome

Ao mesmo tempo que o mundo contemporâneo desenvolveu muitas doenças decorrentes da má alimentação, as pessoas começaram a se preocupar em ter uma vida mais saudável, com a necessidade de consumir alimentos de maior valor nutritivo, exigindo que os produtos disponíveis estejam em conformidade com esse estilo. Com a introdução de alimentos enriquecidos com micronutrientes, a população pode ter uma melhor qualidade de vida, ficando longe de doenças perigosas como câncer e diabetes.

Além dessa mudança de mentalidade, o crescimento populacional tem feito com que a entrada de alimentos biofortificados em outros países seja facilitada. A Índia tem apresentado aumento de população e por isso vê o consumo de superalimentos com bons olhos, para que seja possível dar suporte à população e evitar tragédias. A China, também extremamente populosa, vem apostando nessa técnica e investido em empresas brasileiras que fazem o estudo e a produção dos biofortificados.

Com isso, cresce a possibilidade de diminuir não somente a fome como também a desnutrição, outro problema de grande incidência no mundo, principalmente em países subdesenvolvidos. O importante é aumentar a produção e fazer com que esses alimentos enriquecidos cheguem à mesa da população.

Os superalimentos também podem ser utilizados para diminuir a ocorrência de um mal silencioso que ataca milhões de pessoas: a fome oculta, caracterizada pela falta de nutrientes necessários para o pleno desenvolvimento do corpo e de suas funções. Isso significa que mesmo uma pessoa obesa pode ter fome oculta, quando a sua privação não é de comida, mas sim de alimentos de qualidade que tragam micronutrientes suficientes para saciar as demandas do organismo.

Papel da agricultura

Diante da necessidade de tornar esses alimentos acessíveis, a importância da agricultura cresce exponencialmente. Como já mencionado, há grande interesse estrangeiro nos alimentos enriquecidos produzidos no Brasil, e essa necessidade tem tudo para continuar crescendo. Por isso, torna-se indispensável que os agricultores comecem a investir nessa prática e adotem as devidas técnicas de produção.

Foi pensando nisso que a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) começou a atuar com projetos voltados para o desenvolvimento desse setor. Esse esforço pode ser notado na coordenação da rede BioFORT, um conjunto de projetos que visa, com a produção de alimentos biofortificados, suprir a necessidade alimentar da comunidade e disponibilizar técnicas para que os agricultores aumentem a produtividade e a lucratividade.

Com isso, é possível levar à população mais carente uma alimentação que possibilite o aumento da ingestão de nutrientes que geralmente faltam às pessoas, como ferro, zinco e vitamina A, fatores importantes para o desenvolvimento físico e mental, proporcionando mais qualidade de vida.

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Fontes: UFLA, Embrapa.

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