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Após o preço da arroba do boi gordo atingir R$ 321,90, o Brasil faturou US$ 1 bilhão com a exportação de carne bovina apenas no mês de julho de 2021, segundo levantamento da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). O valor é 16,4% maior do que no mês anterior, mas 1,4% menor do que no ano passado. A China continua sendo a principal responsável pela demanda, com 91,14 toneladas importadas no mês que totalizaram US$ 525,5 milhões.
Mesmo com a demanda para exportação contribuindo para a alta do valor da arroba do boi gordo, pecuaristas enfrentam desafios para decidir o volume de animais para enviar ao confinamento — ou até se esse sistema vale a pena no momento. Isso porque os preços dos insumos continuam em alta, com a saca de milho de 60 kg ainda sendo negociada na casa de R$ 100.
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Como fica o mercado de confinados no segundo semestre?
Para entender o efeito dos aumentos na cadeia produtiva, o Projeto Campo Futuro da CNA/Senar, em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), lançou um estudo com a simulação de lucros dos confinados para o segundo semestre de 2021.
Para o pecuarista que adquiriu o boi magro em julho e manteve o animal nesse sistema por 95 dias, o lucro estimado no segundo semestre de 2021 é de R$ 707,99/boi. No mesmo período do ano passado, com a saca de milho a R$ 46,24, a margem chegou a R$1.642,87/boi.
Essa queda no lucro levou pecuaristas a questionarem se o confinamento é um bom investimento ou se seria mais rentável vender o boi magro e o milho, ou ainda estocar para o próximo ano. Segundo a zootecnista Camila Alves do Nascimento, gerente comercial do Software Gerente Boviplan, em casos em que o confinamento já está estruturado, o mais indicado é manter o plano. Para ela, mesmo que o valor do gado magro também esteja valorizado, a venda não deve alcançar o preço do bezerro, que já chega a R$ 3,5 mil em algumas regiões.
Relação de troca desfavorável
Outro estudo do Cepea mostra que em abril de 2021 a relação de troca entre arroba e animal de reposição chegou ao pior índice da série histórica, iniciada em 2000. No período, o pecuarista precisava desembolsar 9,89 arrobas para adquirir um animal de reposição. Por isso, mesmo com o alto valor do preço do boi, o momento é de precaução.
Para fazer frente ao alto custo de produção, é preciso manter um nível altíssimo de eficiência; para isso, confinamentos de médio e pequeno portes podem procurar estruturas maiores — conhecidas como boiteis — nas quais se paga pela diária. No Sul do país, os preços elevados também levam a busca por cooperativas e associações para aumentar o poder de barganha na compra de insumos.
Fonte: CNA Brasil, Feed Food, Portal DBO.