Tipos de leite: como produzir leite A2?

31 de janeiro de 2022 4 mins. de leitura
Considerado hipoalergênico, leite A2 tem melhores preços de acordo com o teor de proteína

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Existem diversos tipos de leite, com características próprias a depender do manejo, alimentação e genética do gado. A depender da genética, os animais produzem uma substância chamada caseína A1, que pode causar alergia à proteína do leite de vaca (APLV), além de sintomas como gases e desconforto abdominal.

Como alternativa, existe o leite A2, um tipo hipoalergênico à caseína A1, proporcionando um consumo mais seguro. A demanda pelo produto aumentou para a produção de fórmulas infantis nos Estados Unidos e na China. O mercado global atingiu um valor estimado pela consultoria indiana ReasearchCMFE de US$ 8,5 bilhões em 2020, com projeção de US$ 25,5 bilhões em 2027.

No Brasil, o nicho representa R$ 100 milhões, o equivalente a menos de 1% do mercado leiteiro, mas tem um potencial enorme de crescimento. Especialmente por conta da certificação do leite A2, que garante a procedência do produto e pode fazer com que o preço suba cerca de 10%, permitindo ampliar a receita sem aumentar o rebanho.

Qual é a diferença do leite A1 e do leite A2?

Genoma da vaca define qual tipo de leite o animal produzirá. (Fonte: StockMedia Seller/Shutterstock)
Genoma da vaca define qual tipo de leite o animal produzirá. (Fonte: StockMedia Seller/Shutterstock)

A caseína A1 ao ser digerida libera a molécula beta-casomorfina7 (BCM-7) no trato gastrointestinal, que causa efeitos sobre as contrações intestinais e a secreção do órgão. Isso pode provocar um desconforto em algumas pessoas após consumir o leite A1 ou derivados, como queijo e iogurte.

O leite A2, por sua vez, gera a beta-casomorfina9 (BCM9), que não oferece nenhum efeito colateral relacionado ao seu consumo. Geralmente, esse tipo de leite é considerado de melhor digestibilidade e, por isso, tem um valor maior no mercado.

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Como produzir leite A2?

A tipificação do leite não é medida diretamente no produto, mas se refere à composição genética do rebanho de produção. Por isso, o pecuarista deve ficar atento ao registro das informações de genotipagem dos animais para conseguir uma certificação.

Com relação à produção de caseína, o genoma dos animais podem ser homozigotos (A1A1 e A2A2), capazes de produzir apenas um tipo de caseína, ou heterozigotos (A1A2), que podem produzir os dois tipos.

A partir da genotipagem do rebanho, é possível identificar a genética de cada vaca, separando os animais A2A2 em lactação para serem ordenhados separadamente. Dessa forma, é possível produzir um leite A2 que poderá ser certificado.

Certificação de leite A2

Produção de leite A2 costuma ser realizada de forma intensiva. (Fonte: Philippe Montigny/Shutterstock)
Produção de leite A2 costuma ser realizada de forma intensiva. (Fonte: Philippe Montigny/Shutterstock)

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) criou um protocolo para certificação do rebanho produtor de caseína A2 desde 2018. Ao ser certificado, o produto poderá exibir o selo de leite A2, seguindo as normas estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

No Brasil, já existem rebanhos A2A2 certificados. O leite produzido pelos animais pode ser consumido ou utilizado para fazer derivados que serão comercializados no mercado interno. Muitos produtores estão  fazendo pesquisa genética do rebanho para descobrir quais animais têm o genoma para realizar melhoramento do plantel. Todo o processo de genotipagem deve ser registrado e seus dados devem ser armazenados, para garantir a rastreabilidade dos animais e facilitar a certificação.

A certificação Beba Mais Leite foi o primeiro credenciado pelo Mapa para oferecer um selo A2A2, que garante a procedência das vacas que produziram o leite. O programa tem adesão voluntária e conta com uma rede de empresas certificadoras para analisar a produção de fazendas e indústrias.

Fonte: Mobi Auto, Petrobras.

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