O Summit Agronegócio Brasil 2022 foi encerrado nessa quarta-feira (09/11), e abordou o potencial e os desafios do investimento estrangeiro, da expansão tecnológica e da implementação do mercado de carbono na agropecuária brasileira. O evento foi realizado pelo Estadão com o apoio da Rádio Eldorado FM e Broadcast Agro, e patrocínio de Bayer, CropLife Brasil e Lavoro.
Potencial do Brasil nos mercados internacionais
A China é o maior cliente do agro brasileiro e pode se tornar o maior investidor do setor. No entanto, os investimentos chineses na agricultura pelo mundo são relativamente baixos em comparação com outras áreas. “Precisamos pensar qual é o novo cenário que podemos explorar na relação, tentando mitigar as nossas deficiências em armazenamento e logística, inclusive no financiamento da safra”, considerou a sócia da Vallya Agro, Larissa Wachholz.
As exportações brasileiras para o gigante asiático estão concentradas na soja. Os chineses são resistentes às importações de proteínas, como suínos e aves, mas existe um potencial em lácteos, frutas tropicais, milho e farelos. “Precisamos diversificar os produtos, principalmente na Ásia”, avaliou o coordenador do Insper Agro Global, Marcos Jank.
O Brasil foi capaz de realizar uma revolução agronômica para se tornar um dos principais fornecedores de alimentos para o mundo. Jank acredita que o País pode exportar tecnologia para regiões como África para contribuir a elevar a produção e enfrentar os desafios do aumento da população global.
Dificuldades para investir no Brasil
O Brasil é o País mais complexo do mundo para fazer negócios, de acordo com levantamento realizado pelo Índice de Complexidade Corporativa 2022 do TMF Group. Apesar da importância da economia brasileira no cenário global, os empresários internacionais enfrentam dificuldades para investir em empreendimentos no País.
A membro do Conselho das empresas agrícolas Fiagril, Belagrícola e Fex Agro, Amy Chan, investe e trabalha no agronegócio brasileiro há seis anos. Ela destacou algumas das dificuldades de investidores estrangeiros no setor, como as mudanças regulatórias, ações judiciais e o complexo regime tributário.
Mesmo assim, Chan ressaltou a evolução do agronegócio brasileiro devido às ações de órgãos como Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). “O desenvolvimento de instrumentos financeiros, CPRs, CASs, e mais recentemente a lei do agro é muito pioneiro”, analisou.
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Expansão tecnológica na agropecuária
Os produtores rurais têm uma necessidade urgente de acesso à tecnologia para garantirem as melhores negociações de compra de insumos e vendas de produtos, diante da dinâmica do mercado. Além da exportação de commodities, o Brasil tem o potencial de oferecer ao mundo soluções tecnológicas dentro da agropecuária para contribuir com a eficiência da produção.
Contudo, o setor enfrenta desafios para a migração do Agro 4.0 para o Agro 5.0, pois o agricultor precisa de ferramentas que ofereçam subsídios para a tomada de decisão rápida. “Existe tanta tecnologia que a dificuldade é ordenar todo o pacote de dados e transformar em uma informação”, avaliou o chefe de Operações Brasil e América Latina da Solinftec, Emerson Crepaldi.
“Muitos pecuaristas não sabem nem a dor que têm, sob o ponto de vista do processo de tomada de decisão”, afirmou o diretor executivo (CEO) da Bovexo, Paulo Dancieri. Por isso, os criadores têm dificuldade para entender as ferramentas digitais oferecidas pela indústria. Para o CEO, é necessário realizar um trabalho de educação para ajudar no crescimento da pecuária.
Agricultura de Baixo Carbono
O mercado de carbono está na pauta mundial desde o Protocolo de Quioto e vem crescendo a passos largos, o Brasil, por exemplo, avançou em diversos aspectos. O agronegócio, contudo, não fez parte desse movimento desde o início, “é muito mais fácil monitorar uma indústria do que uma fazenda”, relatou o líder de Região para América Latina da Regrow, Renato Rodrigues.
O País tem tudo para liderar e lucrar com a agricultura de baixo carbono no mundo, mas necessita de metodologias para isso. “Precisamos ter uma certificação para monetizar as boas práticas, para que o agricultor faça as coisas de maneira diferente, mais sustentável, protegendo o meio ambiente”, disse o presidente da Yara no Brasil, Marcelo Altieri.
Para se beneficiar do mercado de carbono, é necessário capacitar a mão de obra. “A agricultura digital e a sustentabilidade têm que entrar no currículo dos próximos profissionais”, defendeu o diretor de Operações da Produzindo Certo, Charton Locks. A avaliação de sustentabilidade nas propriedades rurais pode ser feita com o auxílio da Inteligência Artificial (IA).
Fontes: Estadão Summit Agronegócio Brasil 2022.