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Na tarde desta quarta-feira (23), Ricardo Salles pediu afastamento do cargo de ministro do Meio Ambiente. A solicitação foi aceita pelo presidente Jair Bolsonaro, que já nomeou Joaquim Alves Pereira Leite para ocupar a cadeira, em substituição que ocorreu nesta tarde e foi publicada em uma edição extra do Diário Oficial da União.
O afastamento súbito coincide com acusações feitas a Salles relacionadas a crimes ambientais, pois ele é um dos investigados na Operação Akuanduba, da Polícia Federal, em um processo que foi recentemente autorizado pelo Supremo Tribunal Federal. Segundo a denúncia, Salles estaria envolvido na facilitação de exportação ilegal de madeira para os Estados Unidos e a Europa. Se condenado, pode responder por corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e facilitação de contrabando.
Além da gravidade dos casos, a postura do ex-ministro vinha sendo questionada, considerando que ele entregou o celular à Polícia Federal, mas não a senha de acesso ao aparelho, e classificou a operação como “exagerada”. Por isso, ainda que oficialmente tenha sido a pedido do próprio Salles, o afastamento pode ser uma forma de poupar o Planalto de mais uma crise política — e mais uma relacionada ao meio ambiente.
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O governo tem sido cobrado duramente por investidores, pesquisadores e técnicos quanto a um posicionamento mais firme em relação à preservação ambiental. Importantes parceiros do agronegócio brasileiro também estão de olho nessa questão e apoiam uma gestão responsável dos recursos naturais do País.
“Passar a boiada”
Essa não é a primeira crise em que Salles esteve envolvido. No início do ano passado, foi publicada a gravação de uma reunião do presidente da República e dos ministros de Estado, realizada em 22 de abril, em que Salles defendia aproveitar o impacto da covid-19 para flexibilizar a regulação ambiental: “Precisa ter um esforço nosso aqui, enquanto estamos nesse momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa, porque só se fala de covid, e ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas”, comentou.
Salles foi duramente criticado em outros momentos de sua polêmica trajetória como ministro. As ações de flexibilização ambiental envolveram o repasse da concessão de florestas públicas para o Ministério do Meio Ambiente, Pecuária e Abastecimento, inserção de audiências de conciliação em casos de multas ambientais, desidratação do Conselho Nacional do Meio Ambiente e exoneração fiscal após ações em terras indígenas.
Em seu discurso de afastamento em Brasília, Salles disse “não ser possível criminalizar opiniões diferentes” e que é necessário que o Brasil avance.
Conheça o novo ministro
Até a nomeação na tarde de hoje, Leite era funcionário do segundo escalão do Ministério e comandava a Secretaria da Amazônia e Serviços Ambientais desde abril do ano passado. Antes disso, ocupou a função de diretor do Departamento Florestal.
Ainda não se sabe se Leite permanecerá à frente da pasta ou se essa é uma indicação provisória, enquanto o governo não define outro nome.
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Fonte: Correio Braziliense, BBC.