Expectativas variam entre pequena queda e leve aumento no preço do combustível para o novo ano
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O presidente Jair Bolsonaro afirmou no começo de dezembro que o preço da gasolina diminuirá nos próximos dias. Segundo Bolsonaro, a Petrobras anunciará gradativos recuos no preço dos combustíveis. A estatal logo se posicionou negando a informação, além disso, as previsões para o preço no ano que vem não são tão boas quanto queria o presidente.
Em comunicado, a Petrobras afirmou que não antecipa nenhuma das decisões relativas ao preço dos combustíveis e que não há nenhuma mudança na política de preços — que é dirigida pelo Grupo Executivo de Mercado e Preços (Gemp). A nota ainda informou que a empresa pauta seus preços pelo mercado externo e que evita o repasse imediato dos aumentos para não sujeitar a população à volatilidade do mercado de câmbio.
Apesar disso, apenas neste ano, o preço da gasolina nas refinarias já teve um aumento de 74% e o diesel de 65%.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), todos os combustíveis brasileiros estão na lista dos dez itens com maiores aumentos dos últimos 12 meses. No período, o Etanol já sofreu um aumento de 67%, a gasolina 42%, o diesel 41% e o GNV 39,5%.
Os cenários previstos por especialistas apontam uma pequena redução dos preços em 2022 ou um leve aumento, dificilmente os combustíveis terão uma redução nos patamares equivalentes aos aumentos que sofreram.
O professor de economia da Universidade de São Paulo (FEA-USP), Paulo Feldmann, afirmou em entrevista ao portal Mobiauto, que dois fatores podem contribuir para uma leve redução dos preços. Para ele, o preço do barril de petróleo ao nível internacional deve apresentar queda após a estabilização da demanda, no período posterior à recuperação das economias depois dos picos da pandemia de covid-19.
Além disso, os preços cobrados pelas distribuidoras no País estão muito altos — a principal distribuidora brasileira, privatizada pelo governo Bolsonaro, elevou os preços, o que foi seguido por todas as outras. A pressão política e social no setor pode levar a uma estabilização dos valores, com isso, Feldmann, prevê uma redução de até R$ 1 no valor da gasolina para 2022.
Já a XP Investimentos divulgou um relatório em que prevê uma redução de 0,2% na gasolina para 2022 e de 3,3% para o diesel. A consultoria baseou o estudo principalmente no valor do dólar, ao qual o preço da gasolina está atrelado. A aposta da XP era que o dólar fechasse o ano a R$ 5,20 e iniciasse 2022 a R$ 5,10, a moeda norte-americana, porém, começou o mês de dezembro cotada na casa dos R$ 5,60. Caso o dólar não baixe e a instabilidade política no ano de eleição desvalorize ainda mais o real, o preço do combustível deve subir.
Durante entrevista, Bolsonaro criticou os estados pelo preço da gasolina e afirmou que a Política de Paridade de Importação (PPI) dos preços da Petrobras atrapalhava a queda dos valores. A Petrobras começou a usar esse método de cálculo de preços sob o regime do então presidente da estatal Pedro Parente, no final de 2016, durante o governo de Michel Temer. Até então a Petrobras era muito criticada por permitir que o Estado controlasse os preços dos combustíveis.
Com a PPI, apesar de a gasolina ser produzida no Brasil, os preços são atrelados a índices internacionais, que consideram não apenas o valor do barril do petróleo (em dólar). Além dele são calculadas taxas que incluem os custos de saída do mercado norte-americano, carregamento dos navios, taxas portuárias, frete, seguro, descarga e taxas portuárias no Brasil. Os preços internacionais também têm custo de seguro bem mais alto porque muitos países estão sujeitos a furacões, tufões, tsunamis e nevascas. Com a PPI, todos esses fatores influenciam os preços dos combustíveis no Brasil.
Fonte: Mobi Auto, Petrobras.