Presença feminina no agronegócio aumenta, mas ainda faltam engenheiras - Summit Agro

Presença feminina no agronegócio aumenta, mas ainda faltam engenheiras

27 de abril de 2020 4 mins. de leitura

Engenheiras agrônomas ainda correspondem a menos de 20% dos registros no sistema Confea-Crea

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No agronegócio, a diferença entre os gêneros é explicitada pelos dados: mesmo que as mulheres sejam maioria na população brasileira (51,7%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua de 2018), elas ainda correspondem a apenas 19% dos produtores rurais, de acordo com os dados mais recentes do Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São cerca de 947 mil mulheres que trabalham como produtoras, e as engenheiras agrônomas seguem o mesmo caminho, sendo apenas 20% do total de graduados nessa função.

Mulheres são cerca de 19% dos produtores rurais brasileiros
Mulheres são cerca de 19% dos produtores rurais brasileiros. (Fonte: Fábio Ferreira/IBGE)

O número de produtoras, no entanto, representa aumento sensível em relação ao Censo de 2006, que demonstrava apenas 13% de participação feminina na produção agropecuária brasileira. Outras fontes, como o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP), também indicam aumento da presença delas: enquanto o número de homens atuando no agronegócio se manteve estável entre 2018 e 2019 (aumento de apenas 0,25%), o de mulheres empregadas no setor aumentou 2,02%.

Engenheiras agrônomas são menos de 20% do total

Em alguns setores do agronegócio, como hortifruti, elas conseguem participação maior: são 50% dos produtores de uvas, por exemplo; em outros, como na engenharia agronômica, sua participação é menor. Segundo dados do sistema Confea-Crea divulgados pela Agência Brasil, dos 173.907 registros em todo o País, há apenas 34.774 engenheiras agrônomas — a proporção de mulheres é de apenas 19,9%.

“Nesse contexto, todo [o agronegócio] é um ambiente muito masculino. São muitos homens e pouquíssimas mulheres. O que eu percebo é que existe uma resistência quanto à nossa capacidade de dar conta do trabalho. Mas existem engenheiras agrônomas com perfil com essa capacidade e que dão conta do trabalho”, compartilha a engenheira agrônoma Vanessa Sabioni em relato em uma rede social.

Mesmo que os homens ainda sejam maioria, as mulheres estão conquistando posições cada vez mais importantes no agronegócio. É o caso de Teresa Vendramini, primeira mulher eleita para presidir a Sociedade Rural Brasileira (SRB) em cerca de um século de existência da entidade. O próprio Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento teve mulheres em posições de destaque na última década: Kátia Abreu, na presidência de Dilma Rousseff, e Tereza Cristina, atual gestora da pasta. O Congresso Nacional das Mulheres no Agronegócio está indo para sua quinta edição, reunindo mais de  dois mil participantes.

Teresa
Teresa “Teka” Vendramini é a primeira mulher a presidir a SRB. (Fonte: SRB/Divulgação)

Um problema geral da engenharia, não apenas no agronegócio

A pouca presença de engenheiras agrônomas no Brasil pode ser explicada pela pouca presença feminina na área tecnológica em geral — a mesma questão é observada em outras engenharias, como civil, elétrica ou mecânica. Embora a participação feminina em todos esses setores tenha aumentado nas últimas décadas, “ainda há aquele estigma de que é uma área masculina”, afirmou a diretora da Escola Politécnica da USP, Liedi Bernucci.

Algumas iniciativas buscam desconstruir esse pensamento, como a campanha #EsseLugarTambémÉMeu, lançada em 2019 pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com o objetivo de aumentar as matrículas de mulheres na área. O sistema Confea-Crea também criou o Programa Mulher, para aumentar a presença feminina na entidade.

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Fonte: Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – Esalq/USP (Cepea), Agência Brasil, Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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