Fenômeno é explicado pela demanda continuamente alta por café, mesmo com o aumento substancial dos preços
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Assim como outros produtos, o café também está pesando mais no bolso do brasileiro desde o ano passado, com uma alta de 52%, de acordo com números divulgados pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). Esse patamar elevado de preços deve se manter no curto e médio prazos, mesmo com o início da colheita da safra no fim do primeiro trimestre.
Essa safra, inclusive, deve ser maior do que o previsto e provavelmente vai superar a do ano passado, chegando aos 58 ou 60 milhões de sacas, segundo as estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Vale lembrar que essas projeções estão muito acima das previsões iniciais, que indicavam uma safra abaixo dos 50 milhões de sacas; contudo, segundo a entidade, as lavouras estão respondendo bem, e o clima colaborou para a produtividade.
A questão é que, mesmo com a oferta maior do grão, a demanda pelo produto também se mantém em crescimento. Isso acontece por causa do aumento dos preços, que atingiram os maiores patamares dos últimos anos.
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Os relatórios recentes da Abic indicam que, mesmo com o aumento substancial nos preços, o consumo de café cresceu de 2020 para 2021. O volume total apresentou alta de 1,71%, chegando a 21,5 milhões de sacas do grão torrado e moído, além do café solúvel. Com isso, cada brasileiro consumiu, em média, 4,84 quilos de café, um aumento pequeno, mas que não deixa de impressionar frente aos 52% de alta nos preços do produto no varejo.
Isso porque, segundo representantes da Abic, os consumidores se adaptaram ao aumento de preços, fazendo um uso “consciente” do produto e evitando desperdícios, por exemplo, ou comprando embalagens menores. De qualquer maneira, o Brasil se mantém como o segundo maior país consumidor de café do planeta, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, por 4,5 milhões de sacas.
Esse consumo é realizado, principalmente, por hipermercados e grandes redes varejistas, que abocanham 49% do setor. Os atacados e atacarejos aparecem em segundo lugar, com 35%, e as pequenas redes ficam com os 16% restantes. Em todos esses pontos de venda, segundo a Abic, o preço do café deve se manter em patamares elevados.
O aumento de 52% no preço do café significa que o quilo passou de R$ 17,54 para R$ 26,66, em média, nos pontos de venda. Porém, o aumento nos custos para o produtor foi muito maior do que isso, segundo a entidade.
A matéria-prima para as indústrias ficou 155% mais cara entre 2020 e 2021, enquanto insumos como embalagens, salários, energia elétrica e combustíveis aumentaram 107,3% em uma média ponderada, mas apenas parte disso foi repassado ao consumidor.
Na prática, a saca do café vem sendo negociada em maio por preços semelhantes aos de abril: R$ 1.267,30 (0% de variação) para o arábica e R$ 789,19 (0,35% menor) para o robusta.