Consumo excessivo, proteção animal e mudanças climáticas: entenda o que está por trás do possível aumento da taxa de impostos sobre a carne alemã
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Políticos da Alemanha estão avaliando adotar um imposto relativamente maior sobre a carne. Até o momento, o Imposto Sobre Valor Agregado (IVA) em relação a esse item corresponde a 7%, o que segue a média da grande parte dos alimentos no país; porém, na primeira semana de agosto, alguns parlamentares apresentaram uma proposta sugerindo que a cobrança passe para 19%.
Inicialmente, a ideia de taxar a carne no país veio da Associação Alemã de Proteção Animal e teria como objetivo promover melhores formas de criação de animais.
Thomas Schroder, presidente da associação, comentou o assunto apontando que “a carne e outros produtos de origem animal são muito baratos e, às vezes, vendidos a preços baixos, portanto o bem-estar dos animais não é possível, e as pressões nos preços estão forçando os agricultores a manterem mais animais em espaços cada vez menores”.
O debate sobre o aumento da taxa vai muito além da premissa de promover um bem-estar maior, da criação ao abate, dos animais para consumo humano. Um claro exemplo disso é que a discussão foi iniciada exatamente quando a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou um relatório atualizado no qual cientistas pedem mais atenção para a forma como a criação de gado tem sido realizada.
De acordo com o estudo, o enorme consumo de laticínios e carne tem contribuído para o aumento do aquecimento global. Nesse cenário, a pecuária é responsável por 14,5% das emissões de gases relacionados ao efeito estufa.
Políticos importantes do governo alemão também se pronunciaram sobre o assunto. Julia Klöckner, ministra da agricultura, apontou que não importa o método escolhido, o fato é que os consumidores terão que suportar o custo para que haja melhorias nas etapas de criação.
Por outro lado, Bernhard Krüsken, secretário-geral da Associação Alemã de Agricultores, em entrevista para imprensa, ressaltou que aumentar o imposto é pouco, tendo em vista a necessidade de compensar as mudanças que as pecuárias precisam fazer. Krüsken chamou atenção para o fato de que o governo já conta com limites para a construção de novas instalações agrícolas.
Os planos para aumentar a taxa sobre a carne não são novos e já foram avaliados sob o prisma de diminuir o consumo, especialmente devido ao impacto ambiental provocado pela pecuária intensiva. E, é claro, também há o fator saúde. Esses são os dois pontos considerados como as maiores vantagens.
Lembrando que, em 2015, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou para o maior risco de diabetes, derrames e doenças cardíacas nos consumidores de carne processada, como bacon e linguiça, e carne vermelha.
Mesmo considerando que aumentar taxas e impostos nunca é uma medida popular, alguns modelos já implantados mostraram ser capazes de mudar o comportamento do consumidor. Esse é o caso do Reino Unido, por exemplo, com sua guerra contra bebidas açucaradas, especialmente os refrigerantes, que começou a ter resultados positivos após o aumento de impostos.
Fonte: The Local, The Independent, BBC.