Petrobras anuncia novo reajuste e greve de caminhoneiros ganha força

27 de outubro de 2021 4 mins. de leitura
Apesar do auxílio anunciado pelo Governo para a categoria, os caminhoneiros se articulam para greve

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A Petrobras anunciou  novos valores para a gasolina e para o diesel válidos a partir desta terça-feira (26). Segundo a empresa, o reajuste é necessário para alinhar o preço do petróleo com o mercado internacional, que vê o preço do barril em constante alta devido a alta demanda após o início da retomada da economia de vários países. O aumento do diesel será de 9,15%, enquanto a gasolina terá reajuste um pouco menor, de 7%.

Possibilidade de greve de caminhoneiros

A notícia dos aumentos abalou o setor dos caminhoneiros que ainda está dividido em relação a começar uma greve ou não. Uma das principais lideranças do setor dos caminhoneiros autônomos do país e presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, mais conhecido como Chorão, afirma que não há recuo em relação à greve.

Última grande paralisação dos caminhoneiros foi realizada em 2018, durante o governo Temer, e teve forte apoio do então candidato Bolsonaro. (Fonte: Nelson Antoine/Shutterstock/Reprodução)
Última grande paralisação dos caminhoneiros foi realizada em 2018, durante o governo Temer, e teve forte apoio do então candidato Bolsonaro. (Fonte: Nelson Antoine/Shutterstock/Reprodução)

Para Chorão, o principal problema no preço do diesel é a política de paridade com o mercado internacional, adotada a partir do governo Temer. Esta diretriz atrela o preço do petróleo da Petrobras às variações de câmbio, o que gera instabilidades no preço e grandes altas em momentos de crescimento da inflação. Além da mudança na política de preços dos combustíveis, a categoria reivindica o Piso Mínimo de Frete e a volta da aposentadoria especial após 25 anos de contribuição ao INSS.

Alguns setores mais ligados ao Governo Bolsonaro, como a  Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) e as empresas ligadas ao Agronegócio, afirmam que não participarão da greve. Apesar disto, uma pesquisa divulgada pela Fretebras, afirmou que 60% dos caminhoneiros são a favor da greve e que pelo menos 54% devem paralisar as atividades.

O Deputado Nereu Crispim (PSL-RS), que integra a Frente Parlamentar Mista em Defesa do Caminhoneiro Autônomo e Celetista, também afirma que o aumento dos valores deve encerrar as negociações entre o Governo e o setor para achar uma alternativa para a greve.

Auxílio de R$ 400 para diesel é visto como insuficiente pelos caminhoneiros. (Fonte: Isaac Fontana/Shutterstock/Reprodução)
Auxílio de R$ 400 para diesel é visto como insuficiente pelos caminhoneiros. (Fonte: Isaac Fontana/Shutterstock/Reprodução)

O Governo chegou a anunciar a criação do auxílio diesel no valor de R$ 400 com duração até o final de 2022, para reduzir a possibilidade de uma greve. Porém, lideranças do setor afirmam que o auxílio foi visto com desconfiança pelos caminhoneiros. O valor é muito abaixo do que um trabalhador do setor gasta com combustíveis e o ritmo do aumento de preços deve consumir muito mais do que o auxílio. Além disso, muitos viram a notícia como uma manobra do Governo para fidelizar aliados políticos.

Posto este cenário, a greve deve ocorrer no dia 1º de novembro, mas pode não ter adesão tão grande como as de 2018. De qualquer maneira é mais um desgaste para o Governo, que perde uma grande parcela de um setor que o apoiou nas eleições.

Histórico de aumentos

Desde que a política de paridade com o preço internacional foi instituída na Petrobras, durante o Governo Temer, o petróleo tem tido constantes aumentos.  E desde 2018, com contínua desvalorização do real perante o dólar,  o preço dos combustíveis tem aumentando consideravelmente no Brasil. 

Com o novo aumento, o valor do litro do diesel vendido pela Petrobras para as refinarias passará de R$ 3,06 para R$ 3,34. O aumento nas bombas deve ser de R$ 0,24, já que o diesel é obrigatoriamente misturado com 12% de biodiesel. Na última semana a Agência Nacional do Petróleo (ANP) havia divulgado que o preço médio do litro nas bombas era de R$ 5,04 e máximo de R$ 6,42.

Para a gasolina os valores praticados pela Petrobras para as refinarias passaram de R$ 2,98 para 3,19. Segunda a ANP na última semana o valor médio do litro no País era R$ 6,36, e o máximo em R$ 7,46.

Desde o início do ano o diesel acumula um aumento de 65,3%, enquanto para a gasolina o aumento já alcança 73%.

Fonte: Agência Brasil, FDR. 

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