Milho: colheita atrasada e quebra de safra preocupa produtores

31 de agosto de 2021 4 mins. de leitura
Estiagem e geadas provocaram queda de produtividade do milho em mais de 20% e colheita da safrinha avança em ritmo lento

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A colheita do milho safrinha avança lentamente nas lavouras do Brasil. De acordo com levantamento da consultoria Pátria AgroNegócios, até o dia 5 de agosto pouco menos de 60% da área plantada no Brasil tinha sido colhida. No mesmo período do ano passado, os trabalhos tinham avançado 72,3%, enquanto que a média dos últimos anos é de 75,5%.

Os maiores atrasos estão localizados no Paraná e em Mato Grosso do Sul, segundo e terceiro maiores produtores do grão no País. O trabalho de colheita nos milharais paranaenses está em apenas 16,1%, frente a uma média histórica de 68% nesta época do ano. A área colhida em Mato Grosso do Sul avançou 17,2% contra uma média de 66,4%.

Em Mato Grosso, maior produtor do cereal no Brasil, os trabalhos de colheita do milho safrinha estão em 93,47%, segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). O estado está atrasado em relação ao ano anterior, quando já tinha 98,48% da área colhida no mesmo período, e à média histórica de 96,03% para esta época do ano.

Motivos do atraso na colheita de milho

Paraná e Mato Grosso do Sul são os estados com o maior atraso na colheita de milho da safrinha. (Fonte: Shutterstock/foto stock/Reprodução)
Paraná e Mato Grosso do Sul são os estados com o maior atraso na colheita de milho da safrinha. (Fonte: Shutterstock/foto stock/Reprodução)

O ritmo mais lento de colheita na segunda safra de milho é causado pelo plantio tardio e problemas climáticos. A seca e as geadas estragaram grande parte das áreas plantadas, especialmente nas lavouras dos estados do Paraná e da região sul de Mato Grosso do Sul.

A estiagem afetou o desenvolvimento inicial das lavouras sul-mato-grossenses, enquanto as geadas prejudicaram a metade final do ciclo. Segundo levantamento do Rally da Safra 2021, cerca de 10% dos milharais do estado não apresentam condições de colheita.

As amostras de campo do sul do estado apontam que 63% dos milharais da região ficaram suscetíveis aos danos da primeira geada, ocorrida no final de junho, com perdas potenciais que chegam a mais de 57%.

Já no Paraná, cerca de 91% das lavouras no norte do estado e 62% no oeste estavam suscetíveis aos danos na primeira geada, aponta o Rally da Safra. O norte paranaense apresentou índice de abandono acima de 11%. A persistência de baixas temperaturas, que limitam a perda de umidade, e a perspectiva de chuvas em agosto atrasam ainda mais o trabalho de colheita.

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Quebra de safra

Problemas climáticos prejudicaram produtividade do milho. (Fonte: Shutterstock/Roberto Sorin/Reprodução)
Problemas climáticos prejudicaram produtividade do milho. (Fonte: Shutterstock/Roberto Sorin/Reprodução)

O clima desfavorável fez com que a safra do segundo milho no centro-sul do Brasil caísse para o nível mais baixo em 10 anos, segundo avaliação da consultoria de agronegócio AgRural.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a produção total deve ser 15,5% menor do que o período anterior, com 86,7 milhões de toneladas de milho colhidas. Destas, 24,9 milhões de toneladas foram produzidas na primeira safra já encerrada, 60,3 milhões de toneladas devem ser colhidas na segunda e 1,4 milhão de toneladas na terceira safra.

De acordo com projeção da Conab, a produtividade média das três temporadas da safra 20/21 ficará em 4.371 kg/ha, o que representa uma queda de 21,1% com relação ao período anterior. Apenas para a safrinha, a queda na produtividade estimada é de 25,7%, uma previsão de 4.065 quilos por hectare. 

Com a quebra na segunda safra de milho, as perspectivas de exportação do Brasil foram reduzidas e, por isso, aumentou a necessidade de importação do cereal.

Fonte: Nova Cana, Canal Rural, Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Pátria Agronegócios, Rally da Safra, Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

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