Importação de agrotóxico no Brasil bate recorde histórico em 2019

4 de março de 2020 4 mins. de leitura
O País comprou 335 mil toneladas de inseticidas, herbicidas e fungicidas, segundo dados do Ministério da Economia

Dados do Ministério da Economia apontam que o Brasil importou 335 mil toneladas de agrotóxico em 2019. O número representa recorde em uma marca histórica iniciada em 1997 e crescimento de 18% em relação a 2018. Ao todo, a importação desse tipo de produto aumentou 11 vezes desde 2000.

Segundo levantamento da ONG suíça Public Eye, o Brasil é o maior comprador de agrotóxico do mundo, o que acende um sinal de alerta: um terço das vendas de pesticidas realizadas pelas cinco maiores empresas agroquímicas do mundo contém produtos químicos altamente tóxicos para a saúde ou o meio ambiente. Juntas, essas gigantes alemãs, norte-americanas e suíças controlam 65% do mercado global de pesticidas.

Em 2018, as cinco companhias obtiveram quase um quarto de sua renda (estimada em US$ 57,6 bilhões) com a venda de pesticidas associados a efeitos negativos para a saúde em longo prazo. No topo da lista estão substâncias classificadas como prováveis agentes cancerígenos e moléculas humanas que afetam o sistema reprodutivo e o desenvolvimento infantil.

Liberação recorde de agrotóxico

(Fonte: Shutterstock)

O ano de 2019 também registrou recorde de liberação de agrotóxicos no Brasil nos últimos 14 anos. Foram 503 novos pesticidas liberados; cerca de 20% dos novos produtos, um total de 110, foram classificados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como extremamente tóxicos, a classe mais alta de perigo para humanos. Pelo menos 20 substâncias inéditas foram aprovadas, entre elas florpirauxifen-benzil, fluopiram e o dinotefuran, alguns sem aprovação para comercialização na União Europeia e sob reavaliação nos Estados Unidos.

Desde outubro de 2019, a regra para classificação da toxicidade de agrotóxicos foi alterada pela Anvisa e apenas os produtos que causam morte horas depois do contato passaram a ser considerados extremamente tóxicos. Até setembro, 28% dos produtos liberados eram estavam na classificação máxima do órgão; com a nova regra, apenas 6% foram definidos como extremamente tóxicos.

O agrotóxico mais vendido do País, o herbicida glifosato, está entre os mais de 750 produtos que tiveram a classificação reduzida pela Anvisa.

Em fevereiro de 2020, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou uma nova Portaria sobre a aprovação de agrotóxicos. A partir de abril, haverá aprovação automática quando o trâmite interno do pedido de liberação de um novo agrotóxico for superior a 60 dias — o prazo anterior era de 120 dias. A medida deve agilizar a liberação de novos produtos agroquímicos, tendo a análise do Mapa como a última etapa na avaliação, após o processo passar pelos ministérios do Meio Ambiente e da Saúde.

(Fonte: Shutterstock)

Para a Public Eye, os países em desenvolvimento e emergentes são o campo de atuação preferido dos cinco gigantes agroquímicos. A ONG suíça avalia que “as empresas aproveitam a fraqueza das regulamentações nesses países para continuar vendendo seus produtos, apesar das consequências drásticas para as populações locais e o meio ambiente”.

Uso do agrotóxico

A ONG estima que soja e milho representem 49% das vendas de pesticidas altamente perigosos no mundo. No Brasil, uma parcela significativa dos agrotóxicos (63%) é destinada às plantações de soja, que são usadas para fazer ração. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Brasil é o segundo maior produtor do grão no mundo, tendo colhido 119 milhões de toneladas em 2018, perdendo apenas para os Estados Unidos. Os principais agroquímicos utilizados são à base de glifosato.

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Fontes: Public Eye; Embrapa

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