Guaraná da Amazônia: saiba mais dessa produção e seus benefícios

10 de junho de 2022 5 mins. de leitura
Popular em todo o Brasil, o guaraná da Amazônia é uma boa oportunidade para produtores

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Antes de chegar a latas de refrigerante, potes ou cápsulas, o guaraná (Paullinia cupana) é uma trepadeira típica das florestas tropicais brasileiras. As folhas dele são grandes e adornadas por flores brancas. Os caules crescem em meio a outras árvores, podendo chegar a até 10 metros de altura — embora, na produção comercial, cresçam em forma de arbusto, com expansão na horizontal.

O que realmente estimula o cultivo do guaraná da Amazônia são seus frutos. Eles têm muito mais cafeína (chamada de guaranina) do que os grãos de café. Esses frutos, que lembram pequenos olhos aglomerados em cachos, são usados em pós, xaropes, barras, suplementos alimentares e refrigerantes vendidos em todo o mundo.

O Brasil é o único país em todo o mundo que produz essa fruta, mas, além da Amazônia, com boa parte da produção na região de Maués, cerca de 350 quilômetros ao leste de Manaus, o guaraná também é cultivado em outras regiões do País, com destaque para o sul da Bahia.

Os pequenos frutos do guaraná se organizam em cachos. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

As lendas e os benefícios do guaraná da Amazônia

A aparência do guaraná chama atenção, pois a semente escura “pula” para fora da casca, rodeada pelo arilo branco, lembrando um olho humano. Essa semelhança é o mote principal das lendas indígenas sobre o guaraná — vale mencionar que o povo Sateré-Mawé foi o primeiro a domesticar a planta e cultivá-la muito antes de sua descoberta pela Ciência.

A lenda conta que um pequeno índio dava força a toda a tribo em batalhas até ser ferido por um “gênio do mal”. Com isso, o deus Tupã sugeriu que os olhos do curumim fossem plantados na terra, o que deu origem ao guaraná da Amazônia e manteve a força da tribo. Outra versão da lenda diz que o menino foi morto por um grupo rival e a própria mãe, desolada, foi quem plantou os olhos dele na terra.

Lendas à parte, as propriedades químicas do guaraná da Amazônia são muito apreciadas — e não apenas pelos indígenas. Essa fruta é estimulante, antioxidante, anti-inflamatória, diurética, aumenta o gasto calórico e melhora a pressão sanguínea, entre outros benefícios. Mas é válido mencionar que ela também pode causar sintomas como insônia, irritabilidade e taquicardia se for consumida em excesso.

Para o produtor, os benefícios do guaraná da Amazônia passam por uma produção bastante valorizada. De acordo com os relatórios mais recentes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), relativos a dezembro de 2021, o quilo (kg) do guaraná tipo 1 valorizou 18,4% no Amazonas e 67,7% na Bahia, em comparação com dezembro de 2020. Os preços chegam a R$ 20,96/kg na Bahia e R$ 22,50/kg no Amazonas, que é mais tradicional nessa cultura.

Segundo o órgão, isso se deve ao pouco crescimento na produção nacional nos últimos anos, de 2,6 mil toneladas para 2,7 mil — entre 2017 e 2020, com uma demanda que se manteve constante. Houve uma desvalorização com o início da pandemia de covid-19, mas os preços já estão voltando aos níveis pré-crise, com tendência de alta.

Boa parte da produção de guaraná é absorvida por fábricas de refrigerantes (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Como funciona o cultivo do guaraná da Amazônia?

A maior parte da produção de guaraná é feita por agricultores familiares, especialmente na Bahia, sendo essa uma opção rentável para pequenos produtores de frutas em clima tropical.

O guaraná da Amazônia é uma planta perene, com florescimento de novembro a dezembro e frutificação entre fevereiro e março. De maneira geral, seu plantio é realizado a partir de clones selecionados, propagados por estacas.

A reprodução por sementes não era recomendada pela grande variedade genética da planta, que poderia gerar um pomar pouco uniforme. Porém, em 2021, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) introduziu um novo cultivar de guaraná da Amazônia que pode, sim, ser reproduzido em sementes com boa produtividade.

Os novos cultivares inclusive aceleram o início da produção — em média, dois anos contra quatro anos das plantas não modificadas. A colheita em nível comercial é estabilizada a partir dos três anos, com produtividade entre 1,5 kg e 2 kg de guaraná por planta, de modo geral.

Para manter o crescimento do guaraná, as regas devem ser frequentes, porém sem encharcar o solo, que deve ser bem drenado. Recomenda-se que as covas para plantio sejam profundas e os produtores realizem podas de limpeza. A sobrevivência das mudas no campo, depois de um ano, gira em torno de 90% — o excesso de cafeína ajuda a evitar algumas pragas, mas o cuidado continua sendo essencial para manter a saúde do pomar.

Por fim, como dito, o mercado do guaraná segue em tendência de alta. A grande maioria da produção é absorvida pelo mercado interno, mas o pó e os grãos de guaraná também podem ser vendidos para países da Europa e para os Estados Unidos.

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Fonte: Esalq/USP, Portal São Francisco, Plantei, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

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