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Um fertilizante produzido a partir de algas marinhas se mostrou eficaz para a nutrição das principais culturas do agronegócio. A matéria-prima proporciona um complexo biomineral 100% orgânico, rico em cálcio e magnésio, além de mais 70 nutrientes, em uma composição de alta solubilidade e fácil absorção pelos vegetais.
O produto, desenvolvido nacionalmente, é uma alternativa para a dependência da agricultura brasileira na importação dos insumos. Quase 90% das 46 milhões de toneladas de fertilizantes utilizadas no Brasil são importados, de acordo com a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda).
Com a alta dos preços e as dificuldades logísticas intensificadas pela guerra na Rússia, o setor e o governo temem o desabastecimento e buscam ações para evitar a piora da crise. A principal aposta é a criação do Programa de Desenvolvimento da Indústria de Fertilizantes (Profert), que tramita na Câmara dos Deputados.
Como é produzido o fertilizante orgânico
O fertilizante orgânico é produzido a partir de uma alga marinha fossilizada chamada Lithothamnium calcareum, que forma grandes colônias em profundidades de até 30 metros em mar aberto e vivem entre 10 anos e 15 anos.
O material é extraído por dragagem, sem o contato humano, para que a alga não perca as suas propriedades. Quando os sedimentos são retirados de forma sustentável, a alga consegue se regenerar e se recompor no ambiente marinho.
As algas passam por um processo de secagem natural, evitando a possibilidade de choques térmicos que poderiam comprometer a riqueza do material orgânico. Para finalizar, são moídas, granuladas e ensacadas, sem alterações ou adições.
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Resultados em experimentos
Os benefícios dos fertilizantes à base de alga foram comprovados em diversas experiências científicas, com produtos de diferentes fabricantes. Em uma fazenda produtora de tomates em Goiás, o Algen Micron, comercializado pela Oceana Brasil, conseguiu elevar a produtividade em 11 toneladas por hectare quando aplicado via água de irrigação no pivô central.
Associada à vinhaça, um subproduto da fermentação da cana-de-açúcar, o Primaz da PrimaSea proporcionou uma produtividade de colmo de 105 toneladas por hectare na lavoura, em um estudo conduzido pela Universidade Federal de Goiás (UFG). A média nacional é menor que 80 toneladas por hectare.
Uso em culturas
A alga Lithothamnium pode ser utilizada como adubo nas principais grandes culturas agrícolas, na horticultura, na fruticultura e até nas áreas de reflorestamento. Na soja, no milho e no trigo, o fertilizante aumenta a disponibilidade de fósforo, proporcionando um melhor desenvolvimento das raízes.
Nas lavouras de amendoim e feijão, o produto eleva a quantidade de cálcio disponível, favorecendo uma maior resistência ao estresse hídrico e o desenvolvimento radicular. No caso do alho, da cebola, da cenoura e de outras hortaliças, além de aumentar a produtividade, reduz a ocorrência de problemas internos.
Para as frutas, a exemplo do abacaxi, da banana, do mamão e da uva, o fertilizante orgânico garante uma melhor resistência e durabilidade após a colheita, resistência a fungos e uma maior concentração de açúcar.
Fonte: Oceana Minerals, Universidade Federal de Goiás (UFG), Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), Câmara de Deputados, Revista Fapesp, PrimaSea, Universidade Estadual Paulista (Unesp)