Muitos sabem que a polinização é importante para a agricultura, porém isso pode ser elevado a um patamar acima do que a maioria imagina
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No início deste ano, a revista científica Science publicou um estudo evidenciando a importância da polinização para a produtividade das plantações. Segundo a análise dos pesquisadores, a produção poderia ser melhorada em torno de 24% em pequenas áreas agrícolas apenas promovendo o aumento dos polinizadores, enquanto nas grandes propriedades as melhorias da produção dependeriam também da diversificação dos agentes e dos cuidados para a proteção deles.
Determinadas espécies precisam de um polinizador para que haja desenvolvimento do fruto e da semente. Quando esse agente está em falta, a planta não consegue gerar seus frutos, e quando o faz a qualidade é muito menor. Essa classe vegetal é definida como dependente de polinizador e serve de base para a compreensão do assunto.
De acordo com os dados apresentados no 1º Relatório Temático sobre Polinização, Polinizadores e Produção de Alimentos no Brasil, há o conhecimento de que o fator-chave polinizador está presente em 66% (191) das 289 plantas silvestres ou cultivadas que são direcionadas para a alimentação do brasileiro.
Uma forma clara para compreender o quanto é importante o serviço prestado pelos animais polinizadores, principalmente as abelhas, ao cenário da agricultura brasileira é observar que essa contribuição foi estimada em R$ 43 bilhões no ano passado. As culturas mais beneficiadas foram as de maçã, café, soja e laranja.
O relatório citado também trouxe detalhes e dados sobre os impactos sociais, ambientais e econômicos relacionados à polinização na agricultura do Brasil. Além disso, há algumas informações fundamentais sobre o quanto esse serviço, oferecido gratuitamente pela natureza, está correndo risco.
Aqui cabe um esclarecimento: quando se fala sobre a importância de polinizadores para a agricultura, há quem afirme que algumas das principais culturas do País não dependem exclusivamente deles. De fato, determinadas plantações, como de canola e soja, não dependem dos insetos para sua polinização, porém ganham muito com a presença deles. Quando as plantas recebem visitas de abelhas, por exemplo, os grãos costumam se desenvolver com mais óleo, e o resultado direto disso é um maior rendimento por lavoura.
É para isso que a bióloga Márcia Maués, pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental, chama atenção. De acordo com a especialista, que também foi uma das autoras do relatório, há uma enorme prestação de serviço ecossistêmico (polinização) que leva a melhorias nas plantações como um todo. Ou seja, mais produtividade do que é cultivado, melhor formação e desenvolvimento dos frutos, sementes mais resistentes e de maior qualidade. O agricultor, por sua vez, pode sentir isso no bolso ao ter um produto com bom valor agregado de mercado.
Apesar da clara importância, ainda faltam políticas de valorização e proteção desse serviço essencial para o aumento da produtividade e qualidade da produção agrícola no País.
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Fonte: Embrapa, UPS, Agrotec, Sciencemag.